As Sete Porteiras
Era noite de sexta feira
Lá nos confins do sertão
Eu voltava pra minha casa
Mas muita coisa macabra
Me seguiu na escuridão
Já na primeira porteira
Algo estranho aconteceu
Ao passar pra outro lado
Senti um vento gelado
Minha perna amoleceu
Este vento é traiçoeiro
Coisa boa não trazia
Como veio de repente
Algo de estranho eu sentia
A noite estava nublada
Estrada de puro chão
Eu caminhava em passos longos
Com uma lanterna na mão
Logo à frente não demora
Um cruzamento ia passar
Ao longe uma vela acesa
O que causou estranheza
Por que lá parou de ventar
Quando fui me aproximando
O que vi me assustou
Galinha preta sem cabeça
A vela acesa apagou
Um galho no mato se quebra
Vejo um vulto balançando
Logo ouço um assobio
Parecia estar chamando
A escuridão tomou conta
A lanterna apagou
Um relincho de cavalo
Do seu casco os estalos
Isto me apavorou
Parecia um pesadelo
A solução era rezar
Deve ser a tentação
Que veio pra me testar
A cada porteira que eu passava
Do alto vinha um clarão
Uma luz que iluminava
Onde eu ia por a mão
A madrugada foi longa
Parecia não terminar
Esta luz seguiu os meus passos
Até o dia clarear
E quando raiou o dia
Foi o fim da agonia
Mesmo assim eu fui rezando
Em passos largos matutando
Tinha muito pra contar
Enfim a última porteira
Entre árvores avistei
O meu povo assustado
Por onde teria andado
Até que enfim eu cheguei
No terreiro desta casa
Faço aqui uma confissão
Passei uma noite terrível
Fui provado por tentação
A DEUS PAI eu agradeço
Por dar forças e proteção
Nos momentos mais difíceis
Segurou as minhas mãos...