A DÚVIDA É IRMÃ DA DESCONFIANÇA
Com a chegada do computador e do celular, a imprensa mudou muito, e rapidamente. Hoje muitos dos jornais do mundo só existem na forma digital, na Internet. Mas não vai longe o tempo em que tudo era impresso em papel. Era um trabalho enorme, exigia-se muitos funcionários, redatores, repórteres e tempo, muito tempo. Por isso, redações e oficinas trabalhavam dia e noite. Havia a preocupação de que o jornal ficasse pronto durante a noite para que estivesse nas bancas pela manhã, bem cedo. Trabalhava-se com a máquina linotipo para composição, o telégrafo, depois o telex para recebimento de notícias das principais agências nacionais e internacionais e as oficinas operavam com rotaplanas mais lentas e menos eficientes.
Gilmar trabalhava na oficina da mesma empresa jornalística desde solteiro. Era década de 1980 e agora ele estava casado fazia pouco tempo. Seu turno começava às 14 horas e podia se estender pela noite. Avisou à mulher que poderia chegar mais tarde em casa, às vezes de madrugada pois os funcionários não podiam sair sem antes “fecharem” o jornal, como se dizia. Sua mulher, a Alice, ouviu o marido e pensou que isto ocorreria uma ou outra vez porém Gilmar passou a chegar em casa toda noite bem depois da meia noite.
Uma luz amarela se acendeu e ela passou a desconfiar do marido, a achar que ele ficava na farra, que a estava enganando. Decidiu discutir o assunto com o marido. Gilmar jurou que era no trabalho que cumpria horas extras. Umas noites voltava mais cedo, quando o jornal tinha menos páginas, outras vezes ficava até o amanhecer. Ela não se convenceu e o marido a convidou a ir um dia com ele ao trabalho.
Chegaram para o turno da tarde, ele trabalhou por todo o período e, à noite, continuou. Alice já estava cansada, sem fazer nada, sentada em uma cadeira ao seu lado. Passava da meia noite e o ritmo de trabalho prosseguia. Só tiveram uma hora e meia de descanso para o jantar. Alice não aguentou e dormiu ali mesmo, sentada naquela cadeira desconfortável onde passara longas horas.
O dia já estava quase amanhecendo quando os funcionários foram dispensados e tomaram o rumo de seus lares.
Gilmar e Alice saíram calados e em silêncio chegaram em casa. Ele não precisou de palavras, nem ela que se convenceu de que o marido não mentira. Houve um acordo tácito entre eles e ninguém tocou mais no assunto.
Com a chegada do computador e do celular, a imprensa mudou muito, e rapidamente. Hoje muitos dos jornais do mundo só existem na forma digital, na Internet. Mas não vai longe o tempo em que tudo era impresso em papel. Era um trabalho enorme, exigia-se muitos funcionários, redatores, repórteres e tempo, muito tempo. Por isso, redações e oficinas trabalhavam dia e noite. Havia a preocupação de que o jornal ficasse pronto durante a noite para que estivesse nas bancas pela manhã, bem cedo. Trabalhava-se com a máquina linotipo para composição, o telégrafo, depois o telex para recebimento de notícias das principais agências nacionais e internacionais e as oficinas operavam com rotaplanas mais lentas e menos eficientes.
Gilmar trabalhava na oficina da mesma empresa jornalística desde solteiro. Era década de 1980 e agora ele estava casado fazia pouco tempo. Seu turno começava às 14 horas e podia se estender pela noite. Avisou à mulher que poderia chegar mais tarde em casa, às vezes de madrugada pois os funcionários não podiam sair sem antes “fecharem” o jornal, como se dizia. Sua mulher, a Alice, ouviu o marido e pensou que isto ocorreria uma ou outra vez porém Gilmar passou a chegar em casa toda noite bem depois da meia noite.
Uma luz amarela se acendeu e ela passou a desconfiar do marido, a achar que ele ficava na farra, que a estava enganando. Decidiu discutir o assunto com o marido. Gilmar jurou que era no trabalho que cumpria horas extras. Umas noites voltava mais cedo, quando o jornal tinha menos páginas, outras vezes ficava até o amanhecer. Ela não se convenceu e o marido a convidou a ir um dia com ele ao trabalho.
Chegaram para o turno da tarde, ele trabalhou por todo o período e, à noite, continuou. Alice já estava cansada, sem fazer nada, sentada em uma cadeira ao seu lado. Passava da meia noite e o ritmo de trabalho prosseguia. Só tiveram uma hora e meia de descanso para o jantar. Alice não aguentou e dormiu ali mesmo, sentada naquela cadeira desconfortável onde passara longas horas.
O dia já estava quase amanhecendo quando os funcionários foram dispensados e tomaram o rumo de seus lares.
Gilmar e Alice saíram calados e em silêncio chegaram em casa. Ele não precisou de palavras, nem ela que se convenceu de que o marido não mentira. Houve um acordo tácito entre eles e ninguém tocou mais no assunto.