PÁSSARO PRISIONEIRO


Dentro de casa, na sala e na varanda havia gaiolas com passarinhos. No quintal, gaiolas maiores com outro tanto.

Seu Marcelino gostava muito de passarinhos, pena que os apreciava prisioneiros. E estes, mesmo privados de liberdade, cantavam, trinavam, assobiavam e enchiam a atmosfera de sons.

Sua neta, Ana Lúcia, 3 aninhos, estava em sua casa na ocasião e, sentadinha sobre o cano do hidrômetro, olhava o avô a limpar a gaiola de seu curió de estimação. Vovô Marcelino limpou tudo direitinho, colocou alpiste e fechou a portinhola para ir buscar água e encher a tigela já vazia e higienizada.

Quando Marcelino voltou, encontrou a portinha aberta e nada do passarinho... Perguntou a Ana Lúcia o que havia acontecido e ela, candidamente, lhe disse:

“Vovô eu abri a porta da gaiola...”

Dona Ricarda, a avó que tinha se aproximado, pensou:
Agora o Marcelino vai ficar uma fera. Ele amava e cuidava tanto desse bichinho...

Nada! Seu Marcelino deu uma sonora gargalhada. A neta, inocentemente, havia lhe dado uma lição sobre liberdade.

Uma poesia que escrevi com o mesmo título deste causo:


Lindo ser alado
que puseste prisioneiro
e que agora está calado
na gaiola do terreiro.

Lindo ser canoro
que ensaia um triste canto
infeliz eu quase choro
comovida com seu pranto.

Lindo ser plumoso
de pena colorida
que voava livre e garboso
e agora está quase sem vida.

Bendita seja a liberdade
de querer e poder
escolher a felicidade
voar e cantar enquanto viver.



 
Aloysia
Enviado por Aloysia em 18/01/2020
Reeditado em 18/01/2020
Código do texto: T6844965
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