Beata de igreja, das mais fervorosas, Matilda jamais passou um único dia sequer, sem se inclinar para os preceitos da igreja. Ainda menina, foi escolhida por padre Pedro para ser coroinha. Vestida de branco, saia rodada, todos os dias, as 7 da manhã, ia participar da celebração diária. Cresceu na igreja que ficava a duas casas de sua moradia. De gênio impetuoso, colocava sua doce mãe Ana em “maus lençóis” quando o assunto era conversa fiada. Seus ouvidos eram feito para-raios quando a fofoca entrava pela porta, pelas “doninhas da moral e dos bons costumes”.
Certa feita, Matilda ouviu a mãe conversar com a tia sobre uma tempestade que pegou no retorno da cidade polo, e que seu marido Jorge que viram um carro estacionado em meio à chuva, com os faróis acesos. Pensando se tratar de pedido de socorro pararam e quando o então marido foi ver quem eram os passageiros e se precisavam de ajuda, deu de cara com vizinha Mercês e o padre Pedro, aos amassos. Ele se benzeu, não interrompeu o casal e de lá pra cá se recusava a ir às missas, por isso dizia a irmã, como tem sido difícil permanecer na igreja, pois o marido machista, não vê o padre com bons olhos e suspeita que as “corolas” também fazem parte dos rituais de acasalamento do seu vigário.
Dias depois, na Via Sacra da Sexta-feira da Paixão, em que as famílias iam de casa em casa fazer as orações, no encontro na casa de Mercês, a mãe dizia que estava aflita pelo não casamento de sua filha primogênita, que ficaria pra titia, pois já tinha entregado 3 aos maridos, e ela nem namorado tinha. Mas a menina que não tinha “papas na língua” interrompeu a conversa deixando todos boquiabertos: - Mercês não pode casar, já que beijou o padre no carro, que agora é seu namorado. Todos se entreolharam confirmando os boatos que sempre rondavam a comunidade e numa atitute desesperada, Ana iniciou a reza do terço colocando as intenções, entre elas pela criatividade de Matilda, que estava, segundo ela, dando-lhe dores de cabeça.
Matilda cresceu rápido. Foi estudar na cidade e conheceu Rogério, o bom filho de Isac. Um menino bonito, trabalhador e cheio de planos para o futuro. Fiel à sua missão nunca foi visto sequer uma única vez fora do padrão. Ficaram noivos e foram marcar o casório. Matilda passava ao menos 4 horas do dia na igreja. Vestia roupas largas e sempre que alguma conversa sobre o que acontece depois do casamento era iniciada, ela fugia. Não gostava de tratar desses assuntos em público, era recatada.
Casou-se dois meses depois. O marido vivia de cara boa. Nada de botecos e nem de futebol com amigos. Ela da igreja pra casa e da casa pra igreja.
Num dia Marilda chegou à casa paroquial para se confessar mas o padre estava de folga voltaria só depois de 20 dias. Matilda não se aguentando foi logo dizendo pra secretária que não conseguia ficar sem deitar-se com o marido sequer uma noite, quando não duas ou três vezes, ao dia. Disse que o marido a havia enxotado de casa pois era mesmo “o satanás queimando de saia e perna aberta” e ela não sabia o que fazer. A secretária sem palavras, resolveu chamar Seu Pena Forte para dar-lhe abrigo, consolo por se tratar de um homem sério, sabedor dos dogmas da igreja e braço direito do padre, embora misterioso. Nunca tinha se casado e já passava dos 40. Seu Pena Forte foi solicito e ofereceu um quarto de sua casa para que pernoitasse até o dia seguinte, quando enfim, voltaria para casa de sua mãe. Ela já tinha filhos grandes, mas não queria envolvê-los nesse dilema. Da igreja mesmo saiu, aos prantos. Na casa de Seu Pena se estabeleceu e chorou a noite toda.
No dia seguinte, acordou cedo tomou sua bolsa e partiu para Neves. No ponto de ônibus encontrou uma moça grávida que estava prestes a ter o bebê e foi naquela cidade procurar o pai da criança que a havia engravidado numa noite de programa na casa azul do senhor Pena Forte, que ficava a 300 km. Matilda embora assustada com a revelação, pois tinha o Pena como uma espécie de Deus na terra, pois era bondoso, caridoso e temente a Deus, ficou sensibilizada com a situação da mulher que deu o telefone de sua casa para que, se precisasse de algo, poderia pedir aos seus filhos e marido que conhecia todo mundo. Ao ver o telefone, a mulher teve um mal estar seguido de sinais de parto e Matilda saiu em disparada a procurar um posto de atendimento. O bebê nasceu horas depois. Matilda não tirou o pé da porta do hospital enquanto arrumava um pequeno enxoval para o menino que nem nome tinha. Já tendo, inclusive, esquecido a a própria história. Quando entrou, a moça aos prantos, disse se tratar do marido dela, o homem a quem procurava, sendo certificado quando mostrou-lhe o telefone.
Matilda, em estado de choque, abençoou a mulher e a criança e foi para casa cabisbaixa e pedindo a Deus que a inspirasse a fazer o melhor para sua família, afinal, não se podia dissolver um casamento. Lá chegando os boatos já haviam corrido e o marido estava na sala com as malas prontas. Ela chegou olhou pra ele e perguntou: - Por que?
Ele respondeu sem titubear:
- Queria uma comida fria!
Matilda tomou o ar e o perdoou. Desfez suas malas, aceitou a criança fruto da traição como se sua fosse, foi tida como Santa, sem exageros, passou a executar serviços sociais por 10 horas/dia na catedral onde o pároco é o filho do padre Pedro (segundo as fofocas) com quem viaja por dias, semanas e meses em nome da vocação.
- É um santo o padre André! E gosta de comida quente- dizia ela. Não sei por que essa frase sempre trazia alvoroço.
Certa feita, Matilda ouviu a mãe conversar com a tia sobre uma tempestade que pegou no retorno da cidade polo, e que seu marido Jorge que viram um carro estacionado em meio à chuva, com os faróis acesos. Pensando se tratar de pedido de socorro pararam e quando o então marido foi ver quem eram os passageiros e se precisavam de ajuda, deu de cara com vizinha Mercês e o padre Pedro, aos amassos. Ele se benzeu, não interrompeu o casal e de lá pra cá se recusava a ir às missas, por isso dizia a irmã, como tem sido difícil permanecer na igreja, pois o marido machista, não vê o padre com bons olhos e suspeita que as “corolas” também fazem parte dos rituais de acasalamento do seu vigário.
Dias depois, na Via Sacra da Sexta-feira da Paixão, em que as famílias iam de casa em casa fazer as orações, no encontro na casa de Mercês, a mãe dizia que estava aflita pelo não casamento de sua filha primogênita, que ficaria pra titia, pois já tinha entregado 3 aos maridos, e ela nem namorado tinha. Mas a menina que não tinha “papas na língua” interrompeu a conversa deixando todos boquiabertos: - Mercês não pode casar, já que beijou o padre no carro, que agora é seu namorado. Todos se entreolharam confirmando os boatos que sempre rondavam a comunidade e numa atitute desesperada, Ana iniciou a reza do terço colocando as intenções, entre elas pela criatividade de Matilda, que estava, segundo ela, dando-lhe dores de cabeça.
Matilda cresceu rápido. Foi estudar na cidade e conheceu Rogério, o bom filho de Isac. Um menino bonito, trabalhador e cheio de planos para o futuro. Fiel à sua missão nunca foi visto sequer uma única vez fora do padrão. Ficaram noivos e foram marcar o casório. Matilda passava ao menos 4 horas do dia na igreja. Vestia roupas largas e sempre que alguma conversa sobre o que acontece depois do casamento era iniciada, ela fugia. Não gostava de tratar desses assuntos em público, era recatada.
Casou-se dois meses depois. O marido vivia de cara boa. Nada de botecos e nem de futebol com amigos. Ela da igreja pra casa e da casa pra igreja.
Num dia Marilda chegou à casa paroquial para se confessar mas o padre estava de folga voltaria só depois de 20 dias. Matilda não se aguentando foi logo dizendo pra secretária que não conseguia ficar sem deitar-se com o marido sequer uma noite, quando não duas ou três vezes, ao dia. Disse que o marido a havia enxotado de casa pois era mesmo “o satanás queimando de saia e perna aberta” e ela não sabia o que fazer. A secretária sem palavras, resolveu chamar Seu Pena Forte para dar-lhe abrigo, consolo por se tratar de um homem sério, sabedor dos dogmas da igreja e braço direito do padre, embora misterioso. Nunca tinha se casado e já passava dos 40. Seu Pena Forte foi solicito e ofereceu um quarto de sua casa para que pernoitasse até o dia seguinte, quando enfim, voltaria para casa de sua mãe. Ela já tinha filhos grandes, mas não queria envolvê-los nesse dilema. Da igreja mesmo saiu, aos prantos. Na casa de Seu Pena se estabeleceu e chorou a noite toda.
No dia seguinte, acordou cedo tomou sua bolsa e partiu para Neves. No ponto de ônibus encontrou uma moça grávida que estava prestes a ter o bebê e foi naquela cidade procurar o pai da criança que a havia engravidado numa noite de programa na casa azul do senhor Pena Forte, que ficava a 300 km. Matilda embora assustada com a revelação, pois tinha o Pena como uma espécie de Deus na terra, pois era bondoso, caridoso e temente a Deus, ficou sensibilizada com a situação da mulher que deu o telefone de sua casa para que, se precisasse de algo, poderia pedir aos seus filhos e marido que conhecia todo mundo. Ao ver o telefone, a mulher teve um mal estar seguido de sinais de parto e Matilda saiu em disparada a procurar um posto de atendimento. O bebê nasceu horas depois. Matilda não tirou o pé da porta do hospital enquanto arrumava um pequeno enxoval para o menino que nem nome tinha. Já tendo, inclusive, esquecido a a própria história. Quando entrou, a moça aos prantos, disse se tratar do marido dela, o homem a quem procurava, sendo certificado quando mostrou-lhe o telefone.
Matilda, em estado de choque, abençoou a mulher e a criança e foi para casa cabisbaixa e pedindo a Deus que a inspirasse a fazer o melhor para sua família, afinal, não se podia dissolver um casamento. Lá chegando os boatos já haviam corrido e o marido estava na sala com as malas prontas. Ela chegou olhou pra ele e perguntou: - Por que?
Ele respondeu sem titubear:
- Queria uma comida fria!
Matilda tomou o ar e o perdoou. Desfez suas malas, aceitou a criança fruto da traição como se sua fosse, foi tida como Santa, sem exageros, passou a executar serviços sociais por 10 horas/dia na catedral onde o pároco é o filho do padre Pedro (segundo as fofocas) com quem viaja por dias, semanas e meses em nome da vocação.
- É um santo o padre André! E gosta de comida quente- dizia ela. Não sei por que essa frase sempre trazia alvoroço.