S i m p a t i a
ESTAVA numa fase de autocritica, confessando todas as armações e principalmente molecagens que praticara quando mais moço. E não omitia nenhuma delas. Havia até um amigo que estava de saco cheio com essas confissões, mas quando ele contou a da simpatia, não houve quem não se divertisse. Simplesmente porque era verdade.
Contou que fazia um programa aos sábados na rádio da cidade,era um debate, começava logo após um programa de variedades de um locutor seu amigo, era um programa popular.Esse programa do locutor, diário, tinha uma parte destinada, pasmem, a dar receitas de simpatias, uma espécie de macumbinha dobem para juntar casais, esquentar casamento e afastar terceiros do seu amor. Ele retirava essas receitas de um livro bem velhinho, que foi esgotando e ele repetindo, até um dia que pediu ao sujeito das entrevistas que arrumasse no Recife, onde sempre ele visitar os pais, um novo livro de simpatias. Dito e feito, comprou num sebo outro livrinho e antes de entregar ao locutor exigiu que ele divulgasse uma simpatia que ele próprio tinha redigido. Ora, o locutor que gostava também de uma presepada aceitou. E leu no microfone a simpatia para que marido deixasse de mijar fora do caco. Era esse o título da simpatia. Receita: você pega uma cueca suja do seu marido, uma que tiver um risquinho de merda, bota dentro de uma panela com água, bota também uma calcinha sua suja, não pode sr limpa,depois adiciona suco de limão, uma colher de vinagre e bota no fogo, depois de uma meia hora tira. Filtra o líquido, bota três colheres de sopa de mel e coloca numa garrafa dentro da geladeira. Todo dia você dá uma colher de sopa ao seu marido e toma uma. Depois de sete das ele nunca mais mija fora do caco e nem você sofre a tentação de fazer o mesmo. Foi um sucesso, teve que repetir durante vários dias.
Mas não parou por aí, num sábado quando o locutor ia saindo da rádio foi abordado por uma mulher, ela queria lhe agradecer pela simpatia da cueca. E marcou um almoço para ele e sua turma no próximo sábado. Foi uma cabidela nos trinques. Não se sabe se no tempero ela botou uma colher da garrafada.Mas a cabidela estava boia demais e não nada que cachaça não cure.Inté.