INTIMIDADE E CAMA.

“Intimidade e cama, só se divide com quem se ama,” disse o poeta, mas quem cunhou essa frase bem poderia ser o Jânio Quadros. Certa vez, lá pelo início dos anos sessenta, depois de sua malograda experiência como presidente da república, ele disputou a eleição para governador do estado de São Paulo. Seu principal oponente era Ademar de Barros. Naquela época, os comícios, feitos em praça pública, sempre tinham uma claque de apoiadores do candidato, que ficavam aplaudindo tudo que ele falava. E geralmente também aparecia um ou outro apoiador dos adversários que, na contrapartida, vaiavam. Num comício feito em nossa cidade, um simpatizante do Ademar tentou embaraçar Jânio com uma pergunta feita á queima-roupa: “Ei Jânio, disse ele. “Conta a verdade. Porque você renunciou?” Jânio, com aquele estilo que lhe era peculiar, respondeu na lata: “ Meu senhor, em primeiro lugar, intimidades a gente só toma com a mulher com quem a gente dorme. “Em segundo lugar, só dou satisfação aos meus eleitores e o senhor, seguramente, não é um deles.” Os janistas deliraram com a resposta. O ademarista, vendo as caras hostis que se aproximavam dele, mais que depressa saiu de fininho, para não levar uns pescoções. Mas não escapou de uma calorosa vaia.