116 - Cento e Dezasseis

Alta, bonita, pestanuda, olhou-o com curiosidade e aproximou-se do cercado. Ninguém avisou nem estava escrito que seria arriscada qualquer troca de amenidades com a avestruz e, assim, sacudindo o molho de chaves o homem, feliz de estar ali ao sol daquela primavera, com o filho ferrado à perna por medo, acalmava o menino dizendo que a ave não fazia mal, que era grande mas mansa. Olha como é bonita mostrava o pai voltando a abanar as chaves a uma altura da rede acima da sua própria cabeça. A avestruz, fascinada pelo barulho do chaveiro e pelo que lhe pareceu comestível sem qualquer sombra de dúvida, zás, engoliu todas as hipóteses do homem voltar no seu carro para casa, de aceder ao interior da moradia e, o que ainda era mais grave, ter de pedir que lhe abrissem os bombeiros a porta da loja.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 14/12/2019
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