o Saco de arroz

Era para ser mais um dia normal na nossa vidinha de moleques de doze anos, saímos logo após ao almoço e fomos para o rio nadar, diversão de todo o verão, o Pariquera não era tão fundo e ainda não havia começado o tempo de chuvas descemos o barranco e por um caminho esguio nos encontrávamos com gente chegando e saindo, caminhada longa até a segunda laje como era chamado aquele lugar, tinha muitas pedras e um poço largo aonde se nadava a vontade, lugar de águas mansas mas sempre lotado de crianças de todas as vilas, os adultos subiam o rio mais um pouco para ficar mais isolados mas nós não, ali era nosso canto, esse dia ficamos para trás eu e o Ari, vizinho da mesma rua Engenheiro Michaellis, o Ari morava mas embaixo sentido centro da vila, desta feita saímos pela cidade pois eu tinha que passar na padaria e levar uns pães, os que tinha no seu Osvaldo eram os de manhã e os da cidade eram fresquinhos, íamos na minha bicicleta (uma monark, aquela com uma bola no meio do quadro, toda pelada)quando passávamos perto da descida do campo quando avistamos um saco de arroz em casca no chão, paramos e ficamos analisando como aquilo foi parar ali, enquanto imaginávamos o que poderia ter acontecido, um senhor que passava parou olhou para nós e balançando a cabeça disse - ora ora deixa meninos que coloco pra vocês na maleira. e fomos faceiros com o saco de arroz, contei para a mãe do ocorrido e que deveria ter caído de algum caminhão, a mãe então meou o saco dividindo e o Ari foi embora todo faceiro.

Dona Maria era uma senhora que ajudava a mãe de vez em quando, lavando roupa e limpando a casa e naquele dia estava cabisbaixa e a mãe percebendo perguntou - O que foi Maria? O que te aflige? estas tão calada! - Pois olhe Teresa ! Coitado de Vade, com muito custo fez sua rocinha de arroz e deu só dois sacos, ele levou um para a beira da estrada e quando foi buscar o outro, roubaram o saco de arroz. A mãe não disse nada foi na despensa e pegou três sacos de arroz de cinco quilos cada e deu a dona Maria. - Teresa não precisa! - Pegue Maria, pegue.

Sergio Nogueira
Enviado por Sergio Nogueira em 12/12/2019
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