Aventura de Um Messias tresloucado montando o arco íris.

Aventura de Um Messias tresloucado montando o arco íris.

J.Torquato

Mas, diabo, o ónibus expresso andorinha ou falcão, sei lá quebrou, Queria o quê? Quebrou na porta de um barzinho suspeito, desci do veículo, sonolento, com minha malinha e uma pasta tipo 007 onde estava meu material de trabalho.

Adentrei a pocilga.

Nunca vi coisa igual, nunca tinha visto luz roxa, mesas brancas e vermelhas de uma cervejaria, cadeiras de ferro a maioria quebrada e manca como seus usuários.

Um monte de damas estava nas mesas, homem? Nenhum, só o otário aqui.

Pedi uma garrafa de Ron Montilla, Um litro de Coca, gelo e tripinhas ou coxinhas de galinha. Não tinha só batata fritas moles sonolentas.

Chamei a gata menos feia e com melhor corpo aparente para sentar a mesa, ela quase derrubou a mesa dela com as amigas e tudo. Tremula parecia jovem demais para estar na Zona.

Depois da terceira garrafa eu já estava achando linda e perguntando se não era atriz do filme do Arco Íris,tão jovem, com um rosto tão iluminado, tão inocente.

Ví suas pernas e quase que fiquei de tesão ali mesmo. Imediatamente providenciei para que ela arrumasse um quarto lá mesmo e fui para cama com ela mais uma garrafa e mais um litro de coca.

As duas da manhã arrancaram o pano que servia de porta do quarto e mandaram eu me esconder, porque um bando de bandidos estavam na Zona e gostavam de escolher suas damas e que os acompanhantes sofriam sempre nestes casos. Subi no forro de madeira por um buraco e lá entre cortinas de teias e poeiras, fiquei acocorado, Calado, quase sem respirar de medo.

Eram 5 da manhã quando me liberaram

Desci a tempo de ver minha “princesa do arco íris”

Era uma velha, nojenta, com as carnes caídas da barriga sobre a calçola, peitos murchos e longos que iam até a cintura abobadada.

Tudo isso em meio a ressaca tremenda, a uma conta astronômica que eu tinha de pagar sem nem ter fornicado direito, e com o coração ainda aos pulos pelo medo que passei.

Abrindo minha carteira contei os parcos recursos advindos das vendas efetuadas no sertão e quase a esvaziei com a conta da Zona. Sorri amarelo para a Dona da Pensão, para minha princesa do Arco Íris, pequei minha pasta e minha maleta, e sai pelas ruas esburacadas a procura de um ponto de ônibus naquela periferia nojenta, esburacada, fedorenta, barulhenta.

Ia para casa a tempo de falar para a mulher que não havia dinheiro para feira, aluguel, água, luz e o diabo a quatro. Não nem para pagar advogados de divórcios.