O Garanhão II
Naquela famosa operadora de cobrança, que abrigava uma grande quantidade de rapazes alegres, eles começaram a semana entristecidos. Afinal, o grupo foi desfalcado pela mais recente aquisição, que, arrependendo-se de sua decisão anterior (voltou para o armário), regenerou-se - e pelo visto voltou à ativa em grande estilo.
O Garanhão tomara tal decisão atendendo aos seus instintos másculos e também devido ao grande apelo da mulherada que não se conformava com aquela atitude (androgenára-se). O seu retorno à normalidade foi logo notado, pois veio trabalhar com uma calça de brim não tão justa e uma camisa azul escuro fabricada sob a grife Aldeia dos Ventos, da tribo Skate Board, cujo símbolo é uma caveira.
Para espanto de alguns ele não parou por aí. Neste primeiro dia, durante o expediente, demonstrou sua atenção em larga escala, e na saída fez-se acompanhar de uma das interessadas. Essa cena passou a ser corriqueira, motivando grande confusão entre as disputantes ao posto de “primeira dama”, como ele gostava de se referir àquela que conseguisse conquistar seu coração.
Não demorou muito e a situação fugiu ao seu controle, de tal forma que na sexta-feira, após o expediente, estavam todos reunidos em frente ao prédio tomando o tradicional chopinho, quando o garanhão chegou acompanhado de uma das pretendentes.
Seu ar, que era de superioridade, logo se perdeu ao avistar vindo na sua direção a ex-noiva, mulher de poucas palavras e decisão rápida. Tinha estatura bem mais alta que a sua e impunha certo respeito por estar sempre séria. Ela não disse nada, e sem mais nem menos desceu a lenha nele, o que foi seguido pelas surras das outras que se sentiam usadas.
O Garanhão apanhou tanto que, sem poder revidar, acabou cheio de hematomas e arranhado. Já todo rasgado de nada valeram suas súplicas, pois a ex-noiva e as outras rapidamente o deixaram de cueca no meio da rua.
Ao final, foi embora da mesma forma que chegou: pisando firme e sem dizer uma única palavra.