67 - Sessenta e Sete
Porto. Rua Mártires da Liberdade e um glorioso dia de sol. Regressando das suas tarefas ela ia ligeira, magra, de canastra sob o braço. A saia rodada de listas cinzentas sobre um branco sujo, chinela que lhe batia o ritmo dos passos. A rua é estreita e o passeio permite a circulação de uma pessoa. Quando a vi saí do passeio para a deixar passar e quando ela me viu fez o mesmo. Estávamos ambos na rua e sorriamos. Cada um de nós corrigiu a atitude e de novo, frente um ao outro, parados agora no passeio. Mudou a canastra de braço, pôs a mão à cintura e disse exasperada: - Ora porra pró tango!