História de vendedor
Por volta do final dos anos 70, Júlio, vendedor de uma multinacional de renome, era trazido sempre à distância e com ressalvas por todos os compradores dos atacados da cidade de Muriaé. Sua fama de atochador era conhecida por todos. Daí tal precaução.
Devido a isso sempre tinha grande dificuldade em atingir os objetivos que sua empresa lhe impunha. Um belo dia resolveu se vingar de Aniceto, o comprador que havia espalhado como ele havia lhe atochado de mercadorias, causando-lhe assim a fama. Aproveitou que seu amigo Antônio fora cobrir aquela área e combinou com ele os detalhes da vingança.
- Tenha sempre em mente, o Aniceto adora sentir que está levando vantagem na negociação. Esse é seu ponto fraco. – Júlio alertava seu amigo Antônio de como ele poderia também atochar o seu desafeto.
Antônio representava a mesma empresa, só que na divisão das canetas esferográficas Inka Pen, não tão conhecida e famosa quanto a Bic, mas que pretendia tomar uma parte daquele mercado.
Para tanto, naquele mês a empresa fez uma campanha promocional onde daria um carro ao vendedor do atacado que mais vendesse sua caneta e outro ao comprador. Baseado em tudo que o Júlio havia lhe dito e calçado com a promoção, Antônio conseguiu vender para o atacado onde Aniceto era o comprador, 20.000 caixas das suas canetas. Dez vezes o que este comprava da concorrente.
Poucos vendedores conseguiram vender as tais canetas, e as que foram vendidas, logo foram devolvidas, pois não escreviam de tão ressecadas que estavam. Ninguém ganhou o tão sonhado carro.
Dois anos mais tarde as canetas continuavam no estoque, ressecadas e imprestáveis para venda e Aniceto amargando a dor de mais uma atochada e a perda do carro para o dono do atacado, como forma de indenização pela compra mal feita.
Com isso, Júlio aproveitou para saciar sua sede de vingança e num almoço de confraternização entre fornecedores e compradores da região, espetou Aniceto.
- Então? Quem é o mais atochador eu ou Tonico?