63 - Sessenta e Três
63 Meu tio-avô usava o cabelo à Rodolfo Valentino e uns bigodes de respeito encaracolados nas pontas. Ele e sua família adoravam que eu estivesse lá nas férias para gozar o ar de campo e a liberdade de viver numa pequena fazenda de derivados do leite, fruta e gado. Naquele dia comemos bem e, para rebater a refeição, ele deitou-se no sofá da sala e adormeceu. Munido de uma tesoura, cortei-lhe a ponta do bigode que estava livre. Imediatamente me arrependi mas nada havia a fazer. Quando lhe falhou a mão que enrolava as pontas dos pelos ele, cheio de raiva, soube logo quem era o autor do desmando. Achei, pela força com que me puxou as orelhas, que ficaria parecido com um vulgar coelho. Se eu tivesse mais de seis anos, disse-me, levaria uma surra de bengala.