49 - Quarenta e Nove
Sempre desenhei nas costas dos convites que recebia ou enviava. Vez por outra, quando o trabalho me agradava, oferecia-o a amigos em ocasiões especiais. Em aniversários, como prenda de Natal, emoldurados ou simples eram usualmente bem acolhidos. Libertava-me desenhando sem a preocupação inibidora de um bom papel artesanal. Fiz, nos melhores suportes, as minhas piores obras. - Este Natal manda-me um desenho qualquer de 1989, pediu. Depois de procurar em caixas e gavetas achei um com aquela data e, mesmo sendo um trabalho sem grande interesse, juntei-o a uma garrafa de bom vinho e remeti tudo para este amigo de juventude. Muito depois fiquei a saber que ele coleccionava os desenhos por datas e o ano de 1989 estava em falta.