48 - Quarenta e Oito
Era ele o dono da obra. Eu inventava e ele executava. Para não ter de me transportar por obrigação decidiu comprar-me o primeiro carro que tive. Desconto-te nos salários. Passei a ir e vir num velho mini com a pintura baça e cheio de manchas, coisa que sempre perdoei. Irritava-me quando, na rampa do Hotel Paris, no Estoril, o carro parava. Era uma aflição para o retirar do trânsito, para encurtar o atraso, para resolver o problema. E avisei-o : experimenta parar ali outra vez e mudas de companheiro. Dois dias depois o mini parou exactamente na mesma subida. Saí do carro e deixei-o lá. O meu sócio vendê-lo-ia por trinta e cinco contos.