ÁUREA, NA FLOR DO CRESCIMENTO

Família é coisa sagrada, todos sabemos. Sim, mas Áurea, não podia deixar de contar, veio ao mundo e conviveu entre seis irmãos. Todos bem criados em um tempo que queimava luz de Lampião e fogão a lenha com maior brazão. Comidas gostosas feitas pela melhor cozinheira e melhor consumo de alimentos que vinham de uma natureza tão bela que fazia gosto. Muitas árvores cresciam. Davam frutos ricos como mangas espada e abacates manteiga. Cresciam e ficavam enormes. Tudo no quintal de casa.

Hoje é tarde, aqui onde estou faz calor no momento em que escrevo essas linhas pra você, leitor. É verão e estou no Rio de Janeiro, na casa de minha noiva, em Padre Miguel. O dia é 6 de janeiro de 2019.

Conta sua Irmã Rozalina que Áurea era muito caprichosa, até na hora de brincar, não perdia a oportunidade para brilhar até nas brincadeiras que fazia, como no caso da casinha de boneca, episódio vivido com sua irmã, Rozalina. Ela conta que sua casinha de boneca não estava tão bonita quanto a de Áurea e pediu que Áurea trocasse de casinha com ela. Áurea aceitou pegar a da sua irmã, mas modificou toda a casinha, com dedicação e capricho. Sua casinha ficou melhor que a anterior e Rozalina arregalou os olhos e disse:

- Nossa! Essa é a minha casinha?

- Não, agora é minha. Disse Áurea.

Áurea foi mulher de um homem só. Casou-se e teve dois filhos muitos bonitos por sinal. Seu marido era um homem fino, digo, elegante de trato. Por motivos de saúde não pode ficar para ver seus filhos crescer. Partiu novo, antes da terceira idade. Seu filho mais novo chorava feito bebê por não conhecer o pai que tanto amava, “antes mesmo de conhecer.”

Áurea, valente, de muita fibra, conseguiu um emprego na prefeitura da sua cidade, Rio das Flores. Áurea criou seus filhos só, sem marido para dividir seu lar. Muito decidida, foi cuidadora do lar. Que estava sempre bem arrumado. Tudo bem organizado. Seus filhos crescidos viraram semente do lugar...

Hoje não ando como andava, tudo mudou. Acordo e espero o vento me levar e ele não leva, que maldade! Me sinto flutuar nas coisas que fazia. Parece um sonho da minha realidade. Vazia estou! Será que chegou meu fim? Sou apenas um corpo de histórias boas vividas nesse tempo que não é meu mais, o meu passou. Caminho sem esperança, tudo a minha volta mudou. Até eu mesma, não sei correr mais, quase não ando. Minha cabeça só pensa. Vivo procurando a cama, ela me conforta. Sonho um sonho bom de amor onde a vida se recomeça. Nasce em minha alma a esperança perdida do tempo que passou, me encontrei agora. Vou dormir, pois ainda é dia e é o que mais quero... Antes que meu neto chegue e comece a pular pela janela de minha sala, são minhas alegrias... Apesar de tudo, vivo momentos bons. Aproveito a cada dia o amor da minha família...

Roberto Amorim, 6/01/2019.

Roberto Amorim Santos
Enviado por Roberto Amorim Santos em 22/10/2019
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