Maravilha eletrônica

Quando George Jones abriu a embalagem de presente e viu a caixa alongada que havia dentro, pouco maior do que um maço de cigarros de 120 mm, arregalou os olhos.

- Mãe… isso deve ter custado uma fortuna!

Wanda Jones concedeu-lhe um sorriso beatífico.

- Você merece, meu filho. Aposto que fará bom uso, agora que se formou em ciências contábeis.

George era filho único de uma viúva, mas o presente constituía-se numa extravagância, um brinquedo de gente rica, e francamente, de reduzida aplicação prática. Mas não poderia falar isso sem ferir os sentimentos da mãe.

- Puxa, mãe… nem sei como agradecer, mas… alguém lhe sugeriu que comprasse um presente assim tão caro?

- Eu vi uma propaganda, numa revista… além de pequeno, parece ser algo que um contador poderá usar!

- Sim - admitiu ele relutantemente, retirando o dispositivo da embalagem. - Cabe no bolso do meu paletó.

Era realmente lindo, tinha que reconhecer. Um retângulo de plástico preto, com menos de 1 cm de espessura, botões arredondados e um visor na parte superior. Parecia algo saído de um filme de ficção científica. Um pequeno monólito negro, como o de "2001", embora nem de longe tão enigmático.

- Você vai parecer um executivo quando estiver usando - prosseguiu a mãe, enlevada. - Me mostre como funciona!

George moveu o interruptor que ligava o dispositivo. Um bloco de LEDs vermelhos acendeu-se na parte superior. Pronto. A calculadora Sinclair Executive estava plenamente operacional. Ele experimentou as teclas e digitou "12345678".

- Bem, acho que agora não vou mais esquecer as quatro operações, mãe - declarou diplomaticamente, antes de desligar o dispositivo e guardá-lo solenemente em sua caixa.

[17-10-2019]