27 - Vinte e Sete.
Guardei no bolso um papel rosa com uns vinte alfinetes de ama. Durante a missa, o menino de cinco anos que eu era, imaginou-se a sobrevoar a nave, a ver do alto as cabeças, a visitar as imagens de mais perto. Depois, cansado do bichanar das orações que começava a dar-me o sono, achei os alfinetes. Prendi a blusa de minha tia com o xaile que estava mais à mão e fui, de uma ponta à outra do banco, ligando as velhas com as vizinhas sem que ninguém desse por isso. Quando chegou a hora da comunhão foi dramática a bulha entre as devotas que não percebiam o que lhes impedia os movimentos. Seria divertido mas, ainda lá dentro, levei logo dois tabefes sem que ninguém me tivesse denunciado!
Edgardo Xavier.