Paciência: Ação e Reação

Emanuel estudava na mesma escola desde o jardim de infância. Contava agora quinze anos e cursava a primeira série do segundo grau. Pelo tempo de convívio, todos o conheciam e viam nele uma pessoa extremamente calma e atenciosa. Um pouco reservado para fazer novas amizades, mas sem dúvida alguma, leal aos amigos e possuidor de bom caráter.
Dalmo, seu novo colega, um irresponsável que acabara de ingressar na escola no ano anterior, vinha insistentemente provocando-o diariamente de todas as formas. Ignorava aos pedidos de que parasse com aquelas brincadeiras fora e dentro da sala de aula, que só serviam para irritá-lo e desviar sua atenção do que estava sendo ensinado pelo professor. Na verdade não só a dele, mas de todos os colegas da classe.
A paciência de Emanuel vinha sendo testada há algum tempo e ultimamente mais acintosamente, pois seu colega aumentara a dose das brincadeiras de mau gosto. Um belo dia, entretanto, e para espanto de todos, ele a perdeu. Depois de ser perturbado por Dalmo diversas vezes naquela manhã e não sendo atendido em seu pedido para encerrar com a brincadeira de mau gosto, levantou-se e numa fração de segundos o esmurrou, quebrando seus óculos e machucando-lhe levemente o rosto.
Desequilibrado e meio atordoado pelo soco, Dalmo caiu por cima das carteiras.
Alvoroço total no ambiente. Como foi acontecer aquilo?
Ninguém imaginava que Emanuel fosse tomar uma atitude tão drástica. Na verdade nem os responsáveis pela escola entenderam, mas não podiam culpá-lo totalmente. Afinal, ele por diversas vezes havia comunicado, aos professores e ao inspetor, que seu colega o estava importunando, sem que ninguém tomasse uma providência. Sequer chamaram a atenção de Dalmo e em momento algum comunicaram aos seus responsáveis sobre sua conduta na escola.
Por outro lado, esses mesmos responsáveis pela ordem do recinto, embora não tendo sido a forma correta a tomada de decisão por parte de Emanuel, foram unânimes em concordar que seu ato impulsivo contribuiu para que; não só o Dalmo, mas também os demais colegas que alimentavam a perturbação passassem a se portar condignamente na escola e a prestar mais atenção à aula.
Tal atitude, mesmo que errada, acabou beneficiando não só a ele, mas também aos demais colegas de turma que se sentiam prejudicados com aquelas brincadeiras.
Fernando Antonio Pereira
Enviado por Fernando Antonio Pereira em 07/10/2019
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