Um "causo" baiano

Um ”causo” baiano...

Na mesa de um Bar, não um bar qualquer... Itapoã... Numa manhã de fim de inverno...

Dom Jaime, cidadão de escassa cabeleira, crânio lustroso, vestido de azul e branco, montado na sua bem cuidada “burra”, saiu para pastorar seu gado – ovino, bovino que estava solto no vasto pasto. A madrugada ainda era um “neném”, escuro ainda estava, a iluminar o caminho, no céu, milhares de estrelas, entre elas a estrela d’alva. O caminho subia uma ligeira rampa, era ladeado por um alto capim, o colonião, que naquela época do ano, estava verdejante e apetitoso para os ruminantes.

Passava pela sua cabeça, que estava a sacolejar provocado pelo rude trotear da sua “burra”, as histórias contadas pelos “mais velhos” da fazenda, seu pai inclusive, e uma delas insistia em permanecer em sua lembrança, qual seja: “ a busca do dinheiro/ouro enterrado”. Por aquelas bandas, acreditavam que havia ouro/dinheiro que alguém da fazenda – segundo alguns, um “pembeiro”, que dizia ver “almas” do outro mundo -, havia enterrado num lugar estratégico da propriedade, a espera de um “iluminado” sortudo.

Tempos atrás, um cidadão bem apessoado, curioso e tomado por estranhas visões noturnas, aparentando estar possuído por um espírito, conseguiu mapear o possível lugar onde o tesouro estaria enterrado. Dizia que o sinal “forte” da localização, seria dado num dia chuvoso – naquela região chovia-se muito pouco -, sol e chuva, quando logo no final do dia,

apareceria no céu, no horizonte um belíssimo Arco-íris.

Autorizado a perseguir e encontrar o tesouro ele ficou na espera desse dia especial.

Num dia, numa sexta-feira, do mês de abril, aconteceu o tal dia... Chuvas/sol... O Arco-íris. O “pai de santo” tendo como norte o Arco-íris, na direção que ele hipoteticamente estaria a tocar no chão, entendeu que estaria enterrado o “pote”, o “pote” de ouro. Ele, incontinente, montou no jegue e saiu em desabalada carreira em direção ao ouro.

Como previsto em suas visões, no local que se presumira o “tocar” do Arco-íris no chão estava iluminado com um foco de luz emanado das estrelas, ao pé de um tamarineiro uma pedra triangular de cor vermelha marcava o lugar. Sob a pedra, enterrada com pouca terra, uma lata de óleo, óleo Sol Levante, vazia e aberta, no seu interior um envelope, dentro um cartão amarelo – de advertência-, no cartão estava escrito em letras góticas: 1º de abril.

Bnandú set/2019

BNandú
Enviado por BNandú em 15/09/2019
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