Mestre Durval

Era mestre de obras, mas na verdade só sazonalmente exercia a profissão. Gostava mesmo era da boemia, do jogo de cartas e de contar suas estórias cabeludas sentado num banco do sinuca e tomando uns aperitivos e fumando um charuto.Assim que a platéia se formava ele começava a contar suas cabeludas, todas eas passadas fora da nossa terrinha. ra uma artista nessas narrativas que chamava de "mis recuerdos".

Estivera, segundo ele, na Coluna Prestes, fazia parte do estado-maior, só se desligou quando a coluna saiu do país. Combatera o Estado Novo, inclusive Jorge Amado se baseara nele para compor um dos personagens dos livros Os Subterrâneos da Liberdade. Também quando estavam traçando Brasília fora chamado por seu amigo Oscar para dar uma dicas O Oscar era o Niemeyer. Mas a maior cabeluda foi sem dúvida a sua incursão na música como compositor.

Estava no Rio de Janeiro, contratado por uma empreiteira importante

como consultor e nas horas vagas gostava de perambular pelos bares. Certo dia entrou num bar que estava quase vazio, só havia duas pessoas, um oeta e um cantor, tentando fazer uma música, eram seus chapas, amigos de boemia, um era Orestinho e o outro o Caboclinho, u seja, Orestes Barbosa e Sílvio Caldas. Eles estavam tentando fazer ma música falando na vida de um artista, metendo no meio a lua, as estrelas, mas nao estavam conseguindo. Numa vinha o lampejo. Ficou ali matutando e, de repente, veio o estalo, a musica e a letra todinha,veio de dentro, explicou, uma inspiração arretada. Pediu a caneta e o caderno a Orestinho e o violão ao Caboclinho e compôs na hora qe nem caldo de cana o clássico Chão de Estrelas. Os dois amigos pelejaram para ele figurar elo menos como parceiro, mas ele se negou. A ideia da musica era deles. Mas dizia que ainda hoje vibra com aquele verso que fala na lua furando o zinco... Ninguem riu da cabeluda, ficaram espantados orque ele chorou contando o causo. Um dos ouvintes da narrativa contou-a a filha de Mestre Durval, Dalva, e ela riu demais e disse: - Papai está impossível,logo Chão de Estrelas. E ele nunca esteve no Rio de Janeiro.

Assim era Mestre Durval, um artista para inventar causos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 29/08/2019
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