O CHORO DO TAXISTA
(mini/Ct/08)
Pelo trajeto, contava-me ele, sobre sua vida e sua banda. - Tô com saudade do meu Ceará moça, uma saudade danada e hoje não posso mais voltar atrás. - Então disse-lhe: Você não é taxista não é? - Olhou para trás esboçou um sorriso triste e falou - Sou não moça, sou não. Faço bico. - Depois, contava-me causos da sua vida, dos sentimentos pela música e do seu Ceará, sua terra natal e com a voz carregada de emoção falou: - Hoje eu jamais largaria meu pai como eu fiz, viu? - E falando para si mesmo, baixinho, balbuciou: - De guerra, sou veterano. - O seu olhar foi para longe como quem viaja num deserto. Suspirou fundo, quase que imperceptível, lembrando-se do tempo da sua banda, assoou o nariz e chorou. Pediu-me desculpas e o trajeto de Copacabana ao destino, chegava ao seu final.
Disse-me que fazia parte da Banda União e que era conhecido como José Vandi, (vulgo Zé.) Também é compositor e na banda era o acordeonista. No assento do carona, um calhamaço de papéis, um tanto amassados, faziam parte da sua rotina de taxista, para não se esquecer da música e da sua banda, sua paixão, como dissera-me.
Por onde andará Zé Vandi?