MÁGOAS DE TROPEIRO DO PIAUÍ

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

MÁGOAS DE TROPEIRO DO PIAUÍ.

Há pouco tempo um senhor que foi tropeiro no sudeste do Piauí, fez uma viagem voltando no tempo e espaço por onde andou desde menino. No interior do Piauí até 1980 havia uns poucos tropeiros, mas como no passado, já declinava e acabou. Abel conseguiu comprar uma fazenda de criação de gado construiu uma grande família enfim, vivia sossegado.

Um dos filhos de Abel Abelardo que foi tropeiro como o pai, mandou os filhos estudar em Salvador na Universidade Federal da Bahia. Foram duas moças e dois rapazes as moças formaram em Letras os homens; um engenheiro agrônomo o caçula fez história passo a escrever se tornou historiador.

Quando os netos vinham de férias ficavam conversando o avô ele contando como era no passado e sua vida de tropeiro viajando para Oeiras, Flores Picos, Caracol Piauí, Crato Ceará, Petrolina Pernambuco. O historiador já formado e com livros escritos pediu ao avô que fizessem os mesmos percursos que Abel fizera no tempo das tropas tropeiros.

O velho ficou animado e preparou uma "tropinha" com seis animais levam carne seca rapadura farinha feijão e livros que o rapaz escreveu para doar em escolas públicas por onde passavam. Abel contratou dois cabras ajudantes e seguranças, pois no Piauí de agora está cheiro de ladrão como nas cidades grandes.

Pronto tudo seguiram primeiro para Caracol Piaui. O neto escritor ficava encantado com o que via e ouvia pela estrada. Fez doações de livros seus.

De Caracol foram para Oeiras, passando em Flores Piauí, onde Abel queria ver se ainda encontrava uma ex-namorada que teve por lá. Ela estava viva, mas cega ainda reconheceu a voz de Abel, foi um reencontro emocionante...

Abel disse ao neto Belarmaino que Morena era uma cabocla bonita só não casou com ela porque tinha uma namorada onde morava. De Oeiras chegaram a Picos ficaram uns dias fazendo visitas onde era a feira e escolas públicas onde as historiadoras, escritor fazia palestras sem cobrar nada e doava livros.

Em Picos o neto de Abel recebe uma ligação de uma neta de Morena que ela tinha morrido falando o nome dele. Abel chorou muito e foi a igreja católica pedir que rezassem uma missa para a alma de Morena, seguiu para o Crato Ceará. Nessa cidade fizeram o que vinham fazendo e revendo algumas pessoas que ainda estavam vivas, distribuindo livros em escolas públicas e o escritor, historiador fazenda palestras para as crianças falando da relevância que tiveram os tropeiros no passado, não tão distante, pois Abel com 85 anos foi dos últimos tropeiros nordestinos.

Seguiram para Petrolina, Pernambuco fazendo por onde passava o mesmo. Descanso revendo velhos amigos e doando livros aulas etc. Em Petrolina Abel ficou encantado, pois nunca mais tinha ido lá o comércio como cresceu, ensino superior, centro médio, a aviação. Foi ver o Rio São Francisco onde dava água os animais, como mudou tudo dizia Abel ao neto famoso.

De Petrolina seguiram na estrada antiga para Remanso, Bahia. Em Remanso foi que mudou, pois à cidade antiga não existe mais ficou debaixo d água. Ainda encontrou gente de seu tempo, encontrou até um homem que teve uma desavença com Abel por causa de negócios, mas já tinham feito às pazes. Da cidade baiana voltaram para sua fazenda em Brejinho. Voltaram todos felizes: Abel, por passar pelo mesmo caminho que no tempo de tropeiro passou e o neto historiador, por conhecer um pouco da história do avô e distribuir livros.

Seu Abel ficou feliz em voltar ao tempo, mas ficou magoado com o que viu e ouviu por onde passou. Bealarmino mais enriquecido em com seu acervo histórico da terra dos seus pais. Ele hoje mora na França é pesquisador.

Fui só saber isso e conto mesmo se tiver algum valor fico feliz, senão fazer o que seu Severiano Silvano.

ADÃO NHOZINHO.

ADÃO NHOZINHO
Enviado por ADÃO NHOZINHO em 21/08/2019
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