O Matador de Barbeiro

Prestem bem atenção

No Causo que vou lhes contar

Se você não for barbeiro

Não tem com que se preocupar

Tudo começou

Num povoado pequenino

Onde lá, vivia Zé Cabelo

Um antigo morador

Que com ele carregava

Uma sina de fazer dó

Zé Cabelo ainda rapaz

Costumava se ajeitar

Para na casa da Zefa ir namorar

Antes ele passava

Em Zé Galego

Seu amigo confidente

Para se arrumar decentemente

Zé Galego exímio cortador de cabelo

Conhecido na redondeza

Como o mão de tesoura

Era o barbeiro predileto

De Zé Cabelo

Que desde menino

Convivia com Galego

Zé fazia questão

De visitar o salão

Do seu amigão

Lá ele fazia

Barba e bigode

Cortava o cabelo

E saía bem arrumado

Zefa se enchia de alegria

Quando de longe ele vinha

O cheiro da alfazema

Na pele dele a seduzia

Mas, como toda felicidade

Um dia acaba de verdade

Zé Cabelo triste recebeu

A noticia que não queria

E que da noite pro dia

Sua vida mudaria

Zé galego em uma de suas andanças

Conheceu margarida

Uma mulher da vida

Que o colocou

Numa situação

De terror

Causando-lhe uma grande perturbação

Apaixonado ele ficou

Mas aquela atrevida

Era uma causa perdida

Não gostava de ninguém

Zé galego por ela endoidou

E como não conseguiu seu amor

Da ponte se atirou

Zé galego sumiu

E seu corpo ninguém mais viu

Zé Cabelo triste ficou

A perda do amigo não aguentou

E resolveu com Zefa se mudar

Veio para Recife

Começar uma nova vida

Esquecer ali, a tragédia em sua cidade vivida

Zé encontrou um novo

Mão de tesoura

Chamado Zé Negão

Fez amizade

E sua barbearia

Começou a frequentar

Que logo virou uma confraria

Onde todo santo dia

Com a turma se reunia

A conversa sempre o distraia

Era uma festa e uma grande alegria

Lá como de costume

Fazia barba e bigode

E cortava seu cabelo

Como fazia com Zé galego

Mas, tudo de novo aconteceu

Zé negão numa briga se envolveu

E na prisão foi parar

Zé foi um dia, seu amigo visitar

E ao lá chegar

Um motim se instaurou

Zé Negão ficou sem ação

E uma bala atingiu seu coração

Zé Cabelo não aguentou

A perda do novo amigo

E no choro desabou

Pra casa, triste ele voltou

Novamente resolveu se mudar

Veio pra Olinda

Pra vê se sua sina

Iria mudar

Em Olinda conheceu Fininho

Um exímio cortador de cabelo

E por ele se encantou, ainda por cima

Era um tremendo mão de tesoura

Zé começou, o cabelo com ele cortar

Animado ficou

As coisas começaram a se acalmar

Um novo barbeiro encontrou

E tudo no eixo ficou

A vida dera mais um amigo

Para que ele pudesse

Suas aventuras contar

Certo dia Fininho vinha vindo

Alegre, contente e sorrindo

Quando lá frente

Um roubo aconteceu

Fininho presenciou

E por isso sua vida se findou

Zé novamente triste ficou

E vivia a perguntar

Que sina é essa que tenho que carregar

Vejo meus amigos

A vida os levar

Mais uma vez

Zé se mudou

Seu destino agora era Paulista

Mais precisamente Conjunto Beira Mar

E logo procurou se inteirar

Se tinha algum barbeiro

Que ele pudesse confiar

Disseram tem o barbeiro do seu Bio

O famoso Eder mão de tesoura

Zé abriu um grande sorriso

Ficou animado

E logo foi conhecer

Seu novo tesourado

Ao chegar à barbearia do Eder

Apresentou-se

Contou sua história

E disse, vim aqui só pra te conhecer

Quero cortar meu cabelo com você

Eder meio assustado

Respondeu, já sei

O senhor veio aqui me matar

Mas, vou logo avisando

Tenho mulher e filho

Pra dar de comer

Recomendo-lhe Zé neguinho

Que por ele tenho um grande carinho

E é conhecido também mão de tesoura

Por favor não me envolva

Nessa sina de tesoura

Pois gosto da minha vida

Agradeço sua preferência

Não me leve a mau

Mas vá rondar em outro quintal

Seja muito feliz

Mas, longe de mim

Desculpe-me

Não me culpe

Pois, pretendo viver

E ver meus filhos crescer.

Tchau!

Luiz Holanda
Enviado por Luiz Holanda em 05/08/2019
Reeditado em 05/11/2019
Código do texto: T6713049
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