Paguei o maior mico
Me lembrei de uma passagem acontecida a uns cinquenta anos, onde eu paguei o maior mico. Numa manhã de inverno, precisando ir resolver uns assuntos no Banco, saí da fazenda e fui para a acidade, chegando lá pelas onze horas. No canto do Jardim Público estavam sentados dois amigos meus, Seu Fernando e seu filho Zé Luiz. Os dois também tinham uma fazenda e faziam as mesmas coisas que eu.
Seu Fernando, bem mais velho que eu, usava um chapéu panamá de abas largas, de botas, bem a caráter. Quando avistei os dois, eles estavam discutindo, porque o sr Fernando tinha o vício de beber e se embriagar logo de manhã. Tentei passar por eles sem que me vissem, mas não deu, o Zé Luiz me chamou. A discussão entre eles estava tomando um rumo ruim, e para acalmar os ânimos, Zé Luiz me pediu que ficasse conversando com seu pai, até que voltasse. Meio contrariado, concordei. Falamos um bom tempo, ele reclamando do filho que não tinha respeito, não tinha paciência, que só brigava com ele, ficamos mais de hora.
De repente ele, já melhor da embriagues, viu uma placa no outro lado da rua, onde estava escrito, “Hoje feijoada”. A placa estava em frente a um restaurante muito famoso na época, onde só iam executivos e gente mais abastada. Seu Fernando, levantou me falando, vou te pagar o almoço hoje, vamos comer uma feijoada. Relutei um pouco, mas não teve jeito.
Quando entramos no restaurante já lotado, todos nos olharam, porque aquele homem de botas, chapéu grande, falante, chamava a atenção. Pegamos uma mesa, logo o garçom trouxe os pratos e talheres e as duas laranjas descascadas. Seu Fernando, não teve dúvidas, pegou uma das laranjas, chupou, pegou a outra e mandou ver também. Todos já estavam olhando para nós, pois a cena era no mínimo, pitoresca. Terminada a segunda laranja, ele se virou e num gesto bem característico, gritou para o garçom: hei, você aí, traz mais meia dúzia de laranjas!
Todos olharam e caíram na gargalhada, e eu até hoje não sei onde enfiei a cara.....
Oh! que vergonha!