Intriga de coronel e capitão

Era no tempo da Guarda Nacional. O governo nomeava em cada cidade membros dessa guarda, títulos honoríficos para destacar alguns personagens, com cerificado tipo diploma que eram emoldurados e colocados na parede. Dois amigos de infância e da maturidade foram nomeados numa cidade do sertão pernambucano, um com o titulo de coronel e outro capitão. Foram tão amigos que as pessoas diziam que pareciam irmãos de sangue. Mas um dia se desentenderam, discutiram feio e se intrigaram para o resto da vida. O motivo fora de ordem política, besteira porque somente um deles o coronel era político, o capitão era apolítico, mas apartaram os troços. Logo depois o coronel que era mais flexível tentou a reconciliação, mas o capitão rejeitou, ele era radical e irascível. No entanto, apesar era alguém sempre disposto a ajudar os outros, fosse quem fosse.

O tempo passou e coronel que possuía uma fazenda se desentendeu com um caboclo por causa de uma cerca, achava que ele avançara na sua terra. O coronel reclamou mas o caboclo que era conhecido como brigão e valente arretou-se e afirmou que iria matar o coronel. Este nem tomou conhecimento da ameaça pensou que se tratava de bocão do caboclo, Qual o quê!, quando foi chegando em casa uma tarde, o caboclo que estava tocaiando-o partiu para ele com uma faca peixeira. O coronel conseguiu se desviar da primeira investida e para se defender uxou o revolver e atirou no caboclo. Matou-o. Nessa época o coronel estava de baixo, era oposição ao governo e na certa a polícia iria prendê-lo e, no momento, estava sem o seu cavalo.

O capitão, seu desafeto soube, inclusive que ele estaria na iminência de ser preso e sem o seu cavalo. Imediatamente mandou seu filho selar seu alazão e levar para o coronel fugir nele. Fugiu, Passou alguns meses fora, dizem que na Paraíba. Nesse meio tempo o governo caiu e o partido do coronel ficou de cima, ele voltou e se submeteu ao juri, foi absolvido por unanimidade. A primeira coisa que fez após a absolvição foi levar o cavalo para entregar ao capitão e agradecer a ajuda.

Quando chegou no alpendre o capitão estava sentado numa cadeira. De lá mesmo gritou para o coronel:

- Amarre o cavalo na cancela e pode voltar. A intriga continua. e se fosse o caboclo que tivesse te matado eu emprestaria o cavalo para ele fugir.

Nunca fizeram as pazes. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 08/07/2019
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