AQUI JAZ UM TESOURO IMAGINÁRIO
AQUI JAZ UM TESOURO IMAGINÁRIO
No final de maio próximo passado, publiquei um conto sobre um fato ocorrido com uma idosa, na época de minha juventude. Cujo titulo: “A IDOSA E AS VOLTAS QUE O MUNDO DA.” Ela viveu algum tempo, num local situado à margem de uma estrada no Buriti do Jorge, obrigatoriamente é rota de acesso a minha propriedade rural, por onde trafego constantemente. Atualmente são diversos os sítios, margeando esta dita estrada, dentre eles. Os sinais onde residiu Antonio Jerônimo ao lado da casa da idosa mencionada no conto.
Lá estão algumas das minhas lembranças marcando os dois personagens e parte de suas histórias. Um belo ipê florido, do qual tirei uma foto e tomei a liberdade de ilustrar este texto. Uma homenagem ao personagem que marcou sua passagem na comunidade. Alimentando o bel prazer, de muitos elementos que desrespeitam o ser humano se divertido com suas fraquezas. Alimentadas por suas fantasias e seus sonhos irrealizáveis!
Antonio Jerônimo foi um, dentre tantos personagens, que passam pela vida trabalhando dando uma contribuição significativa para a sociedade e deixam suas marcas folclóricas imateriais. Mas levam para o tumulo sua historia e jamais são lembrados. Ele foi um homem trabalhador. Viveu de sonhos e fantasias, namorou as jovens mais belas do Vale do Picão, embora nenhuma delas nunca soubesse disso, trocava sempre de namoradas após o casamento das mesmas. Acumulou um tesouro imaginário valioso. Ao colecionar seus diamantes, dizia ser mais rico que o dono do SBT e o governador do estado do Pará.
Após completar a idade para requerer a aposentadoria, recusou a ajuda de vários amigos que o propuseram ajudá-lo. Afirmando ser de fato um homem muito rico e deixaria isso aos pobres necessitados. Não admitia em hipótese alguma que o abordasse com o assunto. Foi difícil convencê-lo. Quando conseguimos que aceitasse o beneficio, escolheu-me para seu procurador, passei então acompanhá-lo, doente envelhecido, mas não confiava em ninguém, médico nem pensar. Depois de um tempo consegui conquistar sua confiança ao ponto de me mostrar seus diamantes. Uma coleção de pedrinhas com aparência de cristais rolados pelas enxurradas.
Entusiasmado ele via dentro delas imagens de santos. Nossa senhora Aparecida-, olha lá oh! Essa tem um bijinha fulôr, oia cocê vê!
Com o tempo ele conseguiu uma pequena economia, coisa irrisória, gastava pouco comprava o necessário, sempre sobrando, um pouquinho, do seu beneficio. Tentei convencê- abrir uma poupança em conta conjunta com seu cunhado em quem ele confiava um pouco chegou até concordar, mas acometido por uma cirrose, não deu tempo, confiava em mim, mas se eu o propunha para me mostrar o local que seu tesouro estava escondido ele logo dizia:
-Se ieu te mostrar ondé qui interrei, num adianta ieu ter iscundido uai!
Debilitado com a morte batendo na sua porta, não aceitava nenhum tipo de tratamento, tentamos de todas as formas, dizia que nossa preocupação com ele era desnecessária, pois rico como estava não precisava de nossa ajuda, e tinha saúde de leão. Tivemos que bolar uma forma, para que aceitasse o tratamento.
Seu cunhado me disse-, olha ele tem pânico de soldado, pense numa forma de convencê-lo. Combinamos então com o militar e o motorista de uma ambulância. Antecipados a eles, fomos seu cunhado e eu a sua casa. Como eu havia um dia antes e o avisado que o pessoal da previdência o iria buscá-lo para tratamento. E ele me questionou.
- Cumé quespovo fico sabeno quitô duente?
- Me perguntaram por qual motivo eu estava recendo no se lugar, eu disse o motivo ser sua enfermidade!
-Fala pra eze qui de segunda feira e indiente ieu vô miorá!
Ao ver a aproximação da ambulância e militar ele logo disse:
-Uai tavino um soidado ali pra quê será?
-Eu não disse pra a você que eles vinham te buscar?
-Pricisa não gente ocêis ta incomodado pro que minha barriga ta grande, isso é pramode qui ieu to foigado, oceis nunvê qui todo sujeito rico è barrigudo-, segunda feira entra o méis de agosto cumeça os ventos, ieu vô miorá, minhas ruindade vai tudo simbora, cus vento de agosto.
Neste ínterim chegou o militar e disse:
--Olha Tonho o pessoal da previdência pediu que nós te levássemos para fazer um tratamento vamos conosco?
Ele se prontificou com um cordeirinho. De fato na segunda feira os ventos de agosto chegaram como ele previu, mas não levou apenas sua enfermidade levou junto seu corpo, seus sonhos e fantasias. Ele faleceu no domingo à noite, na véspera da chegada dos ventos, deixando enterrado debaixo do ipê seu tesouro imaginário composto de um punhado de cascalho branco e alguns trocados, que daria talvez para o seu funeral. De posse do valor do seu ultimo beneficio, o repassei aos seus familiares. Que com a ajuda do auxilio funeral, liberada pela previdência lhe proporcionou um sepultamento digno.
AQUI JAZ UM TESOURO IMAGINÁRIO
No final de maio próximo passado, publiquei um conto sobre um fato ocorrido com uma idosa, na época de minha juventude. Cujo titulo: “A IDOSA E AS VOLTAS QUE O MUNDO DA.” Ela viveu algum tempo, num local situado à margem de uma estrada no Buriti do Jorge, obrigatoriamente é rota de acesso a minha propriedade rural, por onde trafego constantemente. Atualmente são diversos os sítios, margeando esta dita estrada, dentre eles. Os sinais onde residiu Antonio Jerônimo ao lado da casa da idosa mencionada no conto.
Lá estão algumas das minhas lembranças marcando os dois personagens e parte de suas histórias. Um belo ipê florido, do qual tirei uma foto e tomei a liberdade de ilustrar este texto. Uma homenagem ao personagem que marcou sua passagem na comunidade. Alimentando o bel prazer, de muitos elementos que desrespeitam o ser humano se divertido com suas fraquezas. Alimentadas por suas fantasias e seus sonhos irrealizáveis!
Antonio Jerônimo foi um, dentre tantos personagens, que passam pela vida trabalhando dando uma contribuição significativa para a sociedade e deixam suas marcas folclóricas imateriais. Mas levam para o tumulo sua historia e jamais são lembrados. Ele foi um homem trabalhador. Viveu de sonhos e fantasias, namorou as jovens mais belas do Vale do Picão, embora nenhuma delas nunca soubesse disso, trocava sempre de namoradas após o casamento das mesmas. Acumulou um tesouro imaginário valioso. Ao colecionar seus diamantes, dizia ser mais rico que o dono do SBT e o governador do estado do Pará.
Após completar a idade para requerer a aposentadoria, recusou a ajuda de vários amigos que o propuseram ajudá-lo. Afirmando ser de fato um homem muito rico e deixaria isso aos pobres necessitados. Não admitia em hipótese alguma que o abordasse com o assunto. Foi difícil convencê-lo. Quando conseguimos que aceitasse o beneficio, escolheu-me para seu procurador, passei então acompanhá-lo, doente envelhecido, mas não confiava em ninguém, médico nem pensar. Depois de um tempo consegui conquistar sua confiança ao ponto de me mostrar seus diamantes. Uma coleção de pedrinhas com aparência de cristais rolados pelas enxurradas.
Entusiasmado ele via dentro delas imagens de santos. Nossa senhora Aparecida-, olha lá oh! Essa tem um bijinha fulôr, oia cocê vê!
Com o tempo ele conseguiu uma pequena economia, coisa irrisória, gastava pouco comprava o necessário, sempre sobrando, um pouquinho, do seu beneficio. Tentei convencê- abrir uma poupança em conta conjunta com seu cunhado em quem ele confiava um pouco chegou até concordar, mas acometido por uma cirrose, não deu tempo, confiava em mim, mas se eu o propunha para me mostrar o local que seu tesouro estava escondido ele logo dizia:
-Se ieu te mostrar ondé qui interrei, num adianta ieu ter iscundido uai!
Debilitado com a morte batendo na sua porta, não aceitava nenhum tipo de tratamento, tentamos de todas as formas, dizia que nossa preocupação com ele era desnecessária, pois rico como estava não precisava de nossa ajuda, e tinha saúde de leão. Tivemos que bolar uma forma, para que aceitasse o tratamento.
Seu cunhado me disse-, olha ele tem pânico de soldado, pense numa forma de convencê-lo. Combinamos então com o militar e o motorista de uma ambulância. Antecipados a eles, fomos seu cunhado e eu a sua casa. Como eu havia um dia antes e o avisado que o pessoal da previdência o iria buscá-lo para tratamento. E ele me questionou.
- Cumé quespovo fico sabeno quitô duente?
- Me perguntaram por qual motivo eu estava recendo no se lugar, eu disse o motivo ser sua enfermidade!
-Fala pra eze qui de segunda feira e indiente ieu vô miorá!
Ao ver a aproximação da ambulância e militar ele logo disse:
-Uai tavino um soidado ali pra quê será?
-Eu não disse pra a você que eles vinham te buscar?
-Pricisa não gente ocêis ta incomodado pro que minha barriga ta grande, isso é pramode qui ieu to foigado, oceis nunvê qui todo sujeito rico è barrigudo-, segunda feira entra o méis de agosto cumeça os ventos, ieu vô miorá, minhas ruindade vai tudo simbora, cus vento de agosto.
Neste ínterim chegou o militar e disse:
--Olha Tonho o pessoal da previdência pediu que nós te levássemos para fazer um tratamento vamos conosco?
Ele se prontificou com um cordeirinho. De fato na segunda feira os ventos de agosto chegaram como ele previu, mas não levou apenas sua enfermidade levou junto seu corpo, seus sonhos e fantasias. Ele faleceu no domingo à noite, na véspera da chegada dos ventos, deixando enterrado debaixo do ipê seu tesouro imaginário composto de um punhado de cascalho branco e alguns trocados, que daria talvez para o seu funeral. De posse do valor do seu ultimo beneficio, o repassei aos seus familiares. Que com a ajuda do auxilio funeral, liberada pela previdência lhe proporcionou um sepultamento digno.