Bataclã do Sertão

Aconteceu no tempo que numa cidade do sertão implantaram um cabaré famoso que imitava, quase à perfeição, o cabaré de Maria Machadão, do romance Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado. Deram a ele o nome de Itapoã. Detalhe: era muito mais bonito e animado do que os clubes da cidade. O proprietário recrutou as mais famosas profissionais da região. Havia dancing, bar, conjunto fixo musical tocando todas as noites e, claro, a área com os quartinhos para o principal. Desnecessário dizer que havia uma taxa para usar os quartos e o pagamento dos serviços da profissiona, nada era grátis,

Mas como era de se esperar,havia os malandros que conseguiam passar o famoso "xexo"; havia sim, quem conseguia nem pagar o quartinho e muito menos os serviços da profissional do sexo. Um deles, xexeiro contumaz, se chamava Zezito. Era jogador de futebol, verdadeiro craque, mas o futebol não lhe rendia nada, não se profissionalizou num grande time da capital porque era irresponsável e bebia muito. O que gostava mesmo era da boemia e da zona. Quando abriu o Itapoã não faltava uma noite. E mesmo liso, usando a lábia conseguia se divertir e deitar e rolar com as profissionais sem pagar nada, levava tudo no papo, dizia que resolvia as coisas com aor e carinho. E realmente o xexeiro se dava bem.

Mas u dia haveria, sem dúvida coo diria o poeta, uma pedra no caminho. Uma novata chamada Chinoca (tinha os olhos parecido com as de uma chinesa), muito bonita e diferenciada, era comedida e elegante mesmo, mas braba que nem um siri. Ela foi a pedra no caminho de Zezito. Assim que botou os olhos nela veio o desejo. Conversaram, dançaram, com uns trocados ele, excepcionalmente lhe pagou uma doses de conhaque e. depois, foram para um dos quartinhos, a taxa do quarto não pagou, o encarregado era jogador do seu time. Fez amor co Chinoca nos trinques. Finda a função, depois daquela conversa de tapioca mordeu beiju , juras de amor, o papo rotineiro de xexeiro, foi pegar s suas roupas, mas foi impedido por Chinoca, ele disse que ele só pegava as roupas se pagasse seus serviços. Ele estranhou a novidade e quis se aspar, mas a mulher sacou uma navalha e ele se acalmou, recorreu à promessa de pagar depois. Qual o quê, a dona rasgou toda a roupa co a navalha e botou ee para correr nu em pelo. Saiu correndo nu, escapando pelos fundos dos quartinhos que davam para um matagal. Lá não passava viva alma durante a noite e a madrugada. Ficou ali até de manhãzinha quando passou a carroça do leiteiro seu conhecido. Este levava sempre um cobertor por causa do frio, ele foi enrolado no cobertor até em casa. Nunca mais quis conversa com Chinoca, mas continou passando xexos nas outras. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/06/2019
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