Na casa da vizinha
Fui à casa da vizinha. Poupo o nome, que não gosta de ser famosa. Talvez eu tivesse falado muito de minha vida – há pessoas que não gostam de ouvir memórias! A vizinha disfarçava naturalmente sua vontade de me fazer calar, fazendo-me comentários com vocábulos ou onomatopéias:
_Hum! Hunrum!
Assim eu falava que eu (enfatizava o pronome na primeira pessoa) tinha muitos parentes na cidade; quem era minha família; quantos filhos tinha; e os netos.... Então, do nada, o marido dela disse-me que éramos parentes distantes.
E ela:
_ Ora,vocês têm os calcanhares para trás! E falam pelos cotovelos!
_ Ahn! _ sorri sem graça.
Sorri, e fui caminhando para o portão aberto (eu não o fechara na entrada), pensando com meus botões que a prosa estava na hora de acabar...