Bacia Polivalente
Estavam com muita fome, a comitiva de político saíra da cidade às cinco horas da manhã para visitar parte da zona rural pesqueirense, tanto os distritos como povoados, sítios e fazendas. Era a campanha para prefeito de 1968. Um dos componentes da brigada era um jovem bancário de 25 anos muito amigo do candidato a prefeito, Luiz Neves, o político mas carismático e popular da história da terra, além da político era jornalista, radialista e escritor. Depois de realizarem visitas reuniões e mini comícios, chegara a hora de comer a buchada na casa grande da fazenda do chefe político de um dos distritos.
Chegaram a fazenda, já havia muita gente, sanfona, triângulo e zabumba tocando, uma festa. Ficaram no alpendre da casa descansando conversando animadamente e o locutor contando anedotas, enquanto esperavam, e, claro, tomando uma lapadas de cachaça e tirndo o gosto com rodelas de abacaxi e pedacinhos de caju. E já sentindo água na boca ansiando pela buchada nos trinques. O chefe mandou a turma entrar. E entrando eles visualizaram logo a cabeça do bote exposta em cima da mesa, como era d praxe, alguns mais elitistas ficaram meio chocados. Sentaram em volta da mesa grande e foi chegando vários pratos de carne, mas faltava o principal, o pirão de farinha. O chefe avisou que já-já ia ser preparado.
Estavam naquele suspense esperando quando ouviram a dona da casa gritar arretada da vida:
- Lurdinha, termina logo de dar banho no danado desse menino, neguinha, que eu tô precisando da bacia para passar o pirão, que tanto grude tem esse menino? Avia logo e traz a bacia.
Um dos membros da comitiva ficou meio chocado co o uso polivalente da bacia, mas não disse nada porque aquilo, segundo um vereador do grupo, sussurrou no ouvido ele era costume na zona rural. Chegou o pirão e começaram a abrir as buchadinhas, na primeira o locutor fez uma caretinha e disse baixinho nno ouvido do candidato a prefeito:
- Luiz a buchada tá com aquele cheirinho. O candidato responde a ele cochichando:
- Lau, para ganhar uma eleição a gente come até merda.
Rasparam tudo, não sobrou nada da buchada, a não ser, a cabeça do bode em cima da mesa. Inté.
P.S. O causo é absolutamente verdadeiro. Palavra de honra.