POR SOFRIMETO O MENINO PENSOU EM MATAR O PAI

O MENINO QUE QUIS MATAR O PAI

Já dizia meu avô que os elementos xucros e mal educados, os cascas grossas, como são chamados, jamais se aquebrantam com as chibatadas da vida. São como pau que nasce torto, quando queimam, deixa um rastro de cinza torta por onde se queimou. No passado, foram muitos. Que só a morte deu fim na sua ignorância e maldade. Atualmente este tipo ainda existe, mas tem os limites que os impõe. Embora não mude nada em seu comportamento, vive apanhando ao esbarrar com a lei natural das coisas, colhendo aquilo que semeou.
Sempre gostei de escrever e citar em meus livros, sobre meus conterrâneos, pessoas mais simples e humildes, que como todo cidadão desempenha um papel importante na comunidade onde viveu, deixando sua historia de vida. Mas ao falecer a levam com eles para o túmulo e jamais são lembrados.
Há pouco fui procurado por um amigo, perguntando-me se já escrevi algo sobre seu pai. Que por sinal desde minha infância o conheci, inclusive a esposa, que era mais velha do que eu, cujo pai, já trabalhou na fazenda de meu pai, como tamém o próprio personagem em questão, que já nos prestou serviços em tempos passados.
Já o citei sim respondi ao amigo, que quis adquirir tal livro. E me contou um pouco de sua historia, o sofrimento de sua mãe e o seu próprio, enquanto viveu na dependência do pai.
Aliás, eu já conheço bastante de sua história. O homem era tão ignorante, que punia até a si próprio. Já bem perto de falecer vitimado por AVC se tornou dependente físico, se locomovendo com certas dificuldades. Mesmo assim não aceitava ajuda de forma nenhuma. Certo dia ao aproximar da guarita onde apanharia o ônibus para viajar, ele caiu, diversas pessoas, correram para socorrê-lo, aos berros ele exclamou:
- Ninguém põe a mão nimim, caí foi sozinho, num precisei de ninguém pra cai, tenho que levantar sozinho tamem. Pode arredar todo mundo pra lá. Ele se arrastou pelo chão e com grande dificuldade se agarrou ao banco, levantando-se.
Contei a seu filho a sena que assisti, ai como num desabafo, ele me contou uma serie de maus tratos sofridos por ele a mãe e o os irmãos.
Contou-me que aos oito anos, já trabalhava junto ao irmão um pouco mais velho na enxada carpindo as lavouras, debaixo das chicotadas desferidas por seu pai, por nada eles apanhavam. Quando cresceram um pouquinho diante de tanto sofrimento da mãe apanhando injustamente. Ele propôs o irmão mais velho:
- Vamos matar o pai, eu não aguento mais, apanhar e vê ele batendo na mãe todo dia, trabalhar do tanto que ela trabalha e ele batendo nela por nada. Sozinho eu num dô conta não, mais nois dois junto à gente mata ele.
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- Ocê ta doido, nois num pode fazê isso não, dispois quem vai trata da mãe cus nossos irmãos mais novos, nois tem qui tulerá, dispois que nois crescê, nois larga ele e cuida da mãe!
-Socê mim ajudá nois mata ele, na hora quele fô na cabaça bebê água, quando ele agachá, ieu taco ua inxadada na nuca dele, assim quele caí, ocê me ajuda, nois isbagaça a cabeça dele. Pra ele nunca mais batê na mãe. In nois, ieu até que atulero mais a mãe, que num merece tanta judiação.
- Óia ocê tira isso da cabeça já viu, se ele discobre isso imagina o qui fais cunois. - Por sorte o menino mais velho, mais ponderado, e que saiu mais à mãe, conteve o irmãozinho mais novo e evitou que a tragédia ocorresse,



OBS ILUSTRAÇÃO :(IMAGEN GOOLO)








 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/05/2019
Reeditado em 18/05/2019
Código do texto: T6648788
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