Paciente Atípico
Era um tempo mais ameno, fim da década de 50 e começo dos anos sessenta. A medicina era exercida por clínicos gerais, médicos da família. Um deles que atuava no agreste pernambucano, mais precisamente em Pesqueira e São Bento do Una, era doutor Lívio Valença (tio de Alceu Valença). Além de médico foi deputado estadual por sete mandatos. A campanha dele se resumia em enviar um envelope para os eleitores com um bilhete, Lívio pede e agradece seu voto. Simples assim. Sempre aparecia nesas cidades em fins de semana e consultava muita gente. ra um homem sério,educado, sempre de terno e com uma malinha na mão onde estava o medidor de pressão e um martelinho. Era um contador de causos verdade incrível. Muito sincero e franco, a palavra de doutor Lívio era prego batido e ponta virada.
Há vários causos envolvendo o saudoso médico. Mas um deles, para mim, é hors concours:
Um dia ele estava em São Bento, atendera dezenas de clientes, ja estava arrumando a malinha para ir a Pesqueira, quando a sua secretaria avisou que ainda restava um cliente e qe este sava trste de dar dó. Doutor Lívio fez o exame físico, tirou a pressão, baeu com o martilho nas pernas do destinto, ouviu nas costas dele mandando que o cara dissesse trinta e três... No final disse que ele estava fisicamente ótimo, que o problema dele era estresse, tristeza, que isso se curava com o empo e com alegria, E, enquanto arrumava a malinha, disse ao sujeito:
- Você precisa eé se divertir. Vou lhe fazer uma sugestão: Chegou aqui em São Bento um circo muito bom, o palhaço é fantástico. Vá vê-lo sem demora.
Quando ia saindo, o cliente muito triste disse:
- Mas, doutor, eu sou o palhaço do circo,
Era um paciente atípico. Inté.