A colonia da fazenda
Hoje vou começar esse texto, sem ter um assunto definido em mente.
Vamos ver o que acontece quando precisamos escrever alguma coisa, mas nada temos para nos guiar. Vou tentar ir escrevendo pra ver se vem alguma inspiração, porque sabe aqueles dias que a cabeça está oca, pois é.
Acordei as quatro horas, estava sem sono, vim para o escritório, pensando escrever mais um dos meus causos. Voltei ao passado, pensando em alguma viagem, ou talvez uma pescaria. Bom, pescador eu nunca fui, a não ser nos tempos de moleque ( faz muito tempo já ), que pescava ribeirão abaixo, com a molecada da fazenda, onde pegávamos muitos lambaris do rabo vermelho, mandis com seus ferrões, que se pegassem na gente, doía pra daná; algumas trairinhas, piabas, bagres, chegávamos em casa com o embornal cheio.
Depois de limparmos todos aqueles peixinhos ( demorava pra caramba ), pra minha mãe fritar pra gente, íamos jogar bola no campinho da colônia. Éramos uns oito ou dez moleques. Depois de um tempo mamãe gritava lá da sede : - os peixes estão prontos! Chamava só uma vez, que delícia. Aqueles peixinhos torradinhos. Sempre tinha um sucosinho de limão ou groselha ou mesmo um cafezinho para acompanhar. Às vezes também tinha os pães caseiros que minha mãe fazia.
Cada dia da semana tinha alguma coisa pra comer em uma das casas da colônia. Um dia tinha bolinho de chuva na casa da Dna Maria, outro dia tinha queijo fresco na Dna Joana, depois gemada na Dna Benedita e assim fomos crescendo fortes e sadios.
Em nossa turminha, tinha um ( por sinal o mais velho) que tinha, na época se falava, um parafuso a menos na cabeça, era o Zé, filho da Dna Bepa. No dia que ele cismava que ela ia fazer bolo, ele entrava e saía da casa umas quinze vezes, Dna Bepa era uma descendente de italianos, grandona, gordona, e sabendo que o filho tinha uma certa deficiência, já fazia isso mesmo pra ele se sentir importante. Quando o bolo e o café estavam prontos, ela saia, tramelava a porta e dizia bem alto :-- Zé, eu vou na casa da comadre, você toma conta de tudo aí. –Tá bão mãe.
Mal ela virava as costas, o Zé fazia parar a brincadeira, e com aquele jeito especial ( meio quarta feira ) falava : -eh, a mãe fei bolo, vamo lá, nois come tudo o bolo dela!!!