Caso Sobrecu
Era no tempo do reinado do PSD, do manda-quem-pode-e-obedece-quem-tem-juízo. Mas mesmo em meio à truculência e o mandonismo, que imperava nos anos quarenta e início dos cinquenta, havia quem tivesse peito de fazer oposição. Era o caso, pasmem,de um juiz de direito que discordava veementemente do governo e lhe causava sérios aborrecimentos. Por isso era constantemente transferido de comarca.
Aconteceu dele ser transferido para ua cidade do sertão onde havia uma rixa eterna entre duas famílias. Uma delas unha e carne com o governo. Coincidiu com a chegada do juiz que um membro da família contraria à governista, numa discussão dizer que um dos filhos do chefe pessedista era "falso à bandeira", apelido dado na terra a quem era suspeito de ser homossexual. Foi um auê tremendo, mas como sabia que o juiz era carne de galo, nó cego, duro, não se recorreu à violência para lavar com sangue a honra do ofendido. O chefe resolveu processar o ofensor. Para tanto chamou um famoso advogado da capital para entrar com um processo por difamação. Assim foi feito, mas o juiz nem ligou. Ficaram insisttindo e o advogado famoso pedindo celeridade no processo. O juiz foi se irritando, até o tribunal solicitou rápida tramitação do processo. O juiz se irritou ainda mais. Resultado, resolveu marcar uma audiência para ler seu parecer sobre o dito processo. Marcou a audiência para uma segunda-feira. A cidade ficou em suspense, em transe. O advogado famoso veio e junto com ele um enviado do tribunal.
No final de semana o juiz qe era boêmio inveterado resolveu cair na farra num famoso castelo que havia na entrada da cidade. Na segunda-feira amanheceu com uma ressaca tremenda, mas foi fazer a audiência no forum improvisado numa sala da prefeitura. Estava cheio, todos os lugares ocupados pelas famílias rivais, mais os notáveis da cidade, o advogado da capital e o enviado do tribunal. O escrivão, que também era boêmio e acompanhara a turnê boemia do juiz, colocou sobre o birô do juiz uma quartinha cheia d'água e um copo,além do processo. O juiz chegou e todos se levantaram e ele nem olhou, encheu um copo d'água bebeu com sofreguidão e até molhou a caixa dos peitos. Então se preparou para se pronunciar sobre o processo.
A primeira coisa que fez foi dar um murro no birô que derubou a quartinha e o copo. E falou em alto e bom som olhando nos olhos do chefe político: "Um juiz de verdade, que eé meu caso, não julga a porra de um processo sobre cu. O único sobrecu que gosto é o de galinha. Sabem o que vou fazer com a merda desse processo? Vou rasgá-lo, e rasgou o processo na cara de todo mundo. Depois trovejou:- Vao todos procurar uma lavagem de roupas. E está encerrada a sessão.
Nçaoteve recurso enem se apelou para a violência, mas meses depois transferiram o juiz pra auma cidade da zona da mata. O advogado do Recife e o enviado dotribunal foram embora caladinhos. O processo ficou sendo chamado no tribunalde caso sobrecu. Inté.