O FIM DOS TEMPOS

O FIM DOS TEMPOS


Recordando nossa cultura e os carnavais do passado. Tomei a liberdade em publicar novamente um texto, já postado  há alguns anos, cujo titulo se escrito atualmente, eu acrescentaria a ele: “E SUA NOVA ERA” obedecendo à grande transição de comportamentos culturais ocorrida.
Dias atrás ao ligar a televisão fui surpreendido por um grupo carnavalesco apresentando várias marchinhas de carnaval, que foram sucesso, lá pelo meio do século passado. Aquilo acabou mexendo com meu imaginário retornando-me ao longínquo ano de 1957, quando a magia dos sonhos e fantasias da adolescência, me apontava no horizonte, o inesquecível alvor da juventude. Este alvorecer de juventude que a cada passo, como uma nuvenzinha, vai se afastando no azul do infinito empurrada pelo vento distanciando do raiar da minha jovial aurora.
Aquele momento carregado de recordações me emocionou profundamente. Com ele vieram as lembranças, suportadas pela nostalgia, das primeiras ações praticadas pelos desejos da puberdade. Quando a sensação da primeira experiência colocava o jovem daquela época nas nuvens.
Os primeiros flertes, um aperto de mão, um piscar de olhos, um pequeno rela nos passeios da avenida no tradicional footing.
Tudo aquilo que no passado, deixava um jovem excitado, e que nos dias atuais não tem o menor valor para esta juventude saciada de tanta liberdade.
Um tempo que a grande metrópole era inatingível para a maioria da população. Não tínhamos a menor idéia de como era um bloco carnavalesco. Ouvíamos as musicas pelo radio, o que, aliás, por se tratar de um aparelho de alto custo, estava ao alcance de uma minoria. Não se falava em escola de samba, se existia ninguém sabia. Criávamos as imagens dos foliões de acordo com a forma descrita pela letra musicada.
A igreja mantendo uma guerra acirrada contra o carnaval, como veicula de informação, naquela época, conseguia vitórias significativas nas batalhas travadas entre ela e os carnavalescos. Usando o temor a Deus e o medo do diabo, como método de evangelização para arrebanhar seus fieis seguidores. Com a sociedade analfabeta não foi nada difícil colocar em seu imaginário a figura do capeta simbolizando o carnaval.
A musica caipira predominava no meio onde fui criado, ou seja, na roça. Apesar de roceiro com os princípios religiosos arraigados em minha personalidade, eu adorava as marchinhas e musicas populares mais tocados pelo radio. O que não agradava em nada meus colegas. Vez por outra eu surpreendia algum entre eles me criticando.
Lembro-me de certa vez que meu tio pediu-me, a comprar para ele alguns discos que seriam tocados em seu bar onde havia um alto-falante, e por minha conta e risco inclui alguns de Orlando Silva e Silvio Caldas. Caíram de pau em cima de mim.
O tempo foi passando, aos poucos a cultura que após o fim do coronelismo, dava os primeiros passos embora vagarosos, para a grande transição, começou a acelerar gradativamente.
A água foi correndo por debaixo da ponte, a população comendo vários sacos de sal, o homem conquistando o espaço. O mundo entrando em nossas casas através do radio e televisão. Nossos hábitos mudaram completamente.
-Um mandatário da Republica que antes tentou proibir o uso de biquíni nas praias, foi trocado por outro que se exibiu ao lado de uma mulata nua no carnaval.
–Recentemente, mais moderninho, o atual, juntamente com sua primeira Dama distribuiu camisinhas a população em uma passarela de samba.
E assim a cada dia os tabus da moralidade foram sendo quebrados, e o sexo tornando mais livre.
“Nós os sexagenários que na juventude tivemos noticias dos cintos de castidade e hoje testemunhamos esta liberdade, já nem sabemos o que pensar.” Será que o fim dos tempos chegou?



( IMAGEM  DO GOGLO)

 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/04/2019
Reeditado em 16/04/2019
Código do texto: T6624912
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