Volta Alcides
Foi numa noite de um dia do ano de 2002, que minha irmã humana Liziane (pra variar borboleteando!), ouviu meu choro fraquinho ficou penalizada e me levou pra casa. Ela sabia que se entrasse em casa com aquele filhotinho totalmente indefeso a família iria me aceitar, pois ninguém teria coragem de me devolver pra rua.
Não deu outra, fui a sensação do momento. A vó Ivete tratou de ver uma caixa de sapato pra ser minha caminha, me deu leite com uma colher de café, depois com um conta-gotas e a outra irmã humana Elúsia me batizou com o nome de Zefa – a vira-latas.
Aos poucos fui apresentada ao Toby, o cão chique da família, pois foi comprado e tinha pedigree. Era um fox terrier muito fofo e me adotou com tanto carinho, que acho até que abusei um pouco da dedicação dele, tomando conta da sua casinha, avançando na sua comida chamando pra brincadeiras mesmo que ele não quisesse. Adorava quando o mano humano Lucas chegava da escola e ia brincar conosco no pátio, na verdade mais com o Toby, sabem como é...brincadeiras de meninos.
Nesses quinze anos que estou com a família França vivi muitas aventuras com meu parceiro Toby, nossa, aprontávamos muito e demos muito trabalho, principalmente pra vó Ivete e a tia Lucia. Não entendemos porque, de repente, a vó Ivete desapareceu, só sabíamos que ela fazia, e faz, muita falta. Depois ouvimos as conversas dos humanos que ela havia falecido. Que triste!
No ano seguinte do falecimento da vó, o Toby ficou muito doente, tive até que me afastar dele. Meu amigo acabou morrendo vítima dessa doença horrível chamada câncer. Sofri muito, até adoeci também, mas agora estou bem, vivendo minha vida “de boa”. Não dou bola pra minha falta de visão e minha surdez, me alimento bem, tomo bastante água e faço minhas caminhadas diárias, até me arrisco numas corridinhas apesar de sentir minhas articulações pesadas, o que causa um certo ciúme nos humanos, afinal na contagem de anos de vida dos cães estou completando cento e cinco aninhos! Assim vou vivendo até chegar a hora de partir pro céu dos bichos.
Gente, assim, minha história de vida, com alegrias e tristezas, é pra dizer aos fãs do gato Alcides que ele ainda não voltou pra casa, o que tem deixado a família muito triste com a possibilidade do gato star ter “batido as patinhas”. Lembrei a minha humana que uma vez também desapareci de casa e foi uma felicidade só quando reapareci depois de mais de um mês.
Resta pedir que se chegou a hora da partida do Alcides pro céu dos bichos, que ele não tenha sofrido muito, afinal, todo ser vivo tem a certeza da morte, mas como dizem os humanos “a esperança é a última que morre”, então vamos continuar torcendo pro Alcides voltar!