"FERIAS NO VALE 03"

     Nunca antes tinha transado com mulher profissional e fiquei preocupado, pensei será que eu consigo dar conta? Cada um com munição nos bolsos suficiente para vários tiros e eu me fazendo de já escolado, partimos para o tal de Bico Doce! De longe já avistamos uma porção de gente falando alto e mostrando com a algazarra, que estavam bêbados e ainda eram quatro horas da tarde.


     Entramos no primeiro boteco e o Tonhão pediu cerveja, e um copo de cachaça que cada um foi ajudando a esvaziar logo ele pediu outro e mais outro. Desta vez minha hora chegou e eu nem fiz menção de recusar, tomei também e fui logo à procura de um copo de cerveja para tentar tirar o gosto ruim daquela coisa que todo mundo bebia fazia careta e dizia: esta é da boa.


     Minha cabeça ficava mais leve e eu não tinha um controle muito bom dela. Tinha momentos que ela teimava em ir para frente e eu ria feito um bobo sem nenhum motivo e queria beber mais. O Tonhão falou com um jeitão meio sério e que eu ainda não tinha visto antes, é melhor não abusar por que se aprontarmos uma confusão por aqui depois não vamos ter como explicar isso aos velhos. Ponderei... se só com aquele pouquinho eu já estava pensando que era o rei da zona, imagine ficar chapado. Ia virar o King Kong.


     Tio... Um sanfoneiro cego de um olho começou a tocar uma tal de cabeça de égua, “sanfona”, as senhoras prostitutas começaram a rodopiar em cima de um assoalho sujo, a poeira subindo e eu cada vez mais bêbado e os meninos começaram a dançar; A musica era um Inheco, Inheco direto, depois de repetir o Inheco umas dez vezes ele esticava o fole e fazia um Inheco comprido e floreava um firifiufiu e retomava o Inheco, Inheco pequeno.


     Daí a pouco, veio uma velha faltando dois dentes na parte de cima da boca rebocada de batom roxo, saiu me arrastando para o meio do salão. Olhei para o peste do Tonhão, ele ria como se aquilo fosse à coisa mais engraçada do mundo, e começou a mandar a velha me beijar e gritando aproveita que ele é virgem. A danada da velha cismou que eu era propriedade dela.


     Foi aí que eu apelei, pois, logo que deu uma trégua na tal de sanfona cabeça de égua ela foi ao balcão e pediu uma doze de cachaça com vermute e mandou o dono do bar por na minha conta, ele pergunto-me se era verdade eu disse que não e a tal velha arranjou uma bronca comigo, xingando tudo quanto era nome feio que ia se lembrando, chupador, veado, mariquinha da cidade.


     De repente ela atirou o copo com toda força na minha direção errou e o copo espatifou-se na parede ela tentou agarrar uma garrafa na mesa para jogar e neste instante o Tonhão segurou-lhe o pulso da mão direita e levantou o braço da mulher que para evitar a dor seguiu o movimento e eu ouvi o estalo da outra mão do Tonhão no rosto da mulher, ela estava com histérica. Coisa de mulher de zona, como mais tarde fiquei sabendo.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 23/03/2019
Reeditado em 23/03/2019
Código do texto: T6605123
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