O garoto que sonhava ser poeta
Quando criança era branco, branquinho, quase transparente, transparente de tão leve e de tão tímido. Sua brancura também era por suas horas dentro de uma biblioteca. Dizem que era tão fissurado por livros que ali ficava por horas e horas, lendo e relendo, contos, poesias e viajando em suas fantasias.
Me disseram que até chegou a levar um livro escondido na mochila, pois se roubam tantas coisas, objetos caros, carros, roupas, grana, porcos, drogas, mas que droga!, levo comigo apenas um livro para em sua história me drogar.
Tinha o pensamento flutuante, imagina ser um poeta, pois só assim poderia descrever a imensidão da sua alma e o colorido dos seus sonhos.
Seus olhos eram azuis, mas muito azuis, eram tão lindos de se admirar que inúmeras vezes se perdiam na imensidão e na profundeza do azul-mar que era o seu olhar. Ele refletia algo que muitos não compreendiam, passava despercebido quase sempre.
Era apenas aquele menino branquinho que guarda livros na prateleira e leva na mochila apenas a esperança – esperança de quê? De um amor? Compreensão? Aceitação? Ou ilusão? Mas brancura não, nãaaoooo...
E assim o menino branco, tímido, cresceu, e de tanto se questionar, viajar, idealizar, virou-se um louco, louco pela loucura. Mas será que sou louco? Que loucura, a dos outros?
Hoje trata da sua loucura através das palavras, escreve contos, poesias, cartas, até publicou um livro, mas nunca mais roubou livros, e hoje distribui suas poesias para todos aqueles que fazem da brancura, da ilusão, da melancolia, da paranóide-obsessiva que se tornou a loucura da vida.