DEVANEIOS

Sentada na cama, Melissa folheava seu diário calma e atenciosamente, fazia a leitura de trechos que lhe prendiam a atenção e por alguns segundos olhava sua imagem no espelho como procurasse entender e descobrir naquela mulher, os motivos que a levaram escrever palavras, hoje sem nenhum sentido. No fundo do cesto de lixo algumas folhas amassadas do diário. Abriu um pouco mais a janela, precisava de ar puro. Sentia-se sufocada.

O cabelo solto sobre os ombros, a blusa colada ao corpo, tudo incomodava.

Tinha casado e não tivera filhos. A separação veio antes. O homem a quem havia declarado frases de amor, não estava mais ali. O cesto de lixo, pela metade com folhas amassadas.

Levantou-se foi até a janela, ali do quinto andar, ficou por alguns instantes olhando o mundo lá fora. Balançou a cabeça negativamente e com pressa, voltou para a cama.

- Não. Isso não era solução. Murmurou baixinho.

Tirou a blusa e abriu o zíper do short. Precisava sentir-se leve. Respirar profundo. Por alguns segundos permaneceu de olhos fechados e ao abri-los, encarou mais uma vez, o espelho.

- Seria aquela a Melissa do futuro?

Livre de devaneios. Serena. Sem preocupações.

Foi até a cômoda, prendeu o cabelo e nua, dirigiu-se ao banheiro. Após o banho, envolveu seu corpo com a melhor roupa, melhor perfume e no íntimo vestida da Melissa do espelho.

Sorridente e decidida abriu a porta e caminhou para a rua.

Henrique Rodrigues Inhuma PI
Enviado por Henrique Rodrigues Inhuma PI em 03/01/2019
Reeditado em 04/01/2019
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