DIAGNÓSTICO FATAL
A vida pouco lhe sorrira, ele sorrira timidamente para ela.
Muitas tristezas, poucas alegrias ela lhe concedera, mesmo assim
compensava seu amargor com os doces sorrisos de seus netos.
Momentos divinais aqueles, ora infelizmente pertencentes ao
passado.
Tudo começou mui precocemente.
Fora fazer alguns exames médicos.
Os resultados foram entregues no dia da consulta agendada.
Após examinar minuciosamente os resultados o Dr. Theobaldo lhe disse:
- Caro amigo Leandro sua saúde está muito precária, infelizmente sua doença
progrediu atingindo vários órgãos vitais.
- Sou sincero, tens poucos meses de vida, não posso operá-lo, já se faz muito tarde
para tentar a cura definitiva.
- Lhe darei algumas receitas para amenizar a dor, sinto muito, até logo...
Leandro saiu do consultório em prantos, como daria a notícia para os seus entes queridos?
Ficou perambulando pelas ruas até tarde!
Chegando em casa a mulher carinhosamente lhe abraçou: oi querido por onde andou?
Já estava com saudades de você e preocupada também!
Os resultados dos exames lhe foram favoráveis?
- Sim respondera-lhe cabisbaixo o marido, está tudo OK.
- Olha, vou sair hoje a noite, tenho um encontro com amigos.
Tudo bem lhe respondera a esposa.
Pouco mais tarde Leandro saiu de casa em direção a periferia.
Entrou num boteco de aspecto sombrio, mal cheiroso e pouco iluminado.
Sentou-se aos fundos do mesmo.
- Posso lhe ser útil meu amigo, inquiriu-lhe o senhor de bigodes e aspecto mal cuidado.
Traga-me uma cerveja gelada e uma caipirinha de cachaça, vez por outra repita a dose.
- Muito bem, aguarde só um instantinho...
Pouco depois serviram-lhe o pedido solicitado.
Tomou os primeiros goles de álcool, um tremor percorreu internamente seu corpo.
Já há muito tempo não bebera destes venenos e também deixara há mais de 15 anos de fumar.
Chamou pelo garçom: traga-me por favor um maço de cigarros, dos fortes, OK?
Após ficou ali matutando sobre sua vida: quão pouco tempo desfrutara dela junto a família,
a maioria foram com farras nos antros ilícitos, cabarés e bebedeiras com “amigos”, que após sua derrocada faziam de conta que não o conheciam.
De uns tempos para cá suas noites eram insones e povoadas de rostos apavorantes e misteriosos, insônias constantes nas madrugadas sombrias.
As dores voltaram mais fortemente e tropegamente ele se arrastava pelos caminhos na escuridão da madrugada.
Deixara a família, não queria que eles vissem-no definhar rapidamente, nem deixou-lhes
endereço.
Sua vida passou a ser a tragédia de muitos moradores de rua: consumo de álcool e drogras,
menosprezo para com a vida.
Chegara o inverno, nas noites geladas ele contorcia-se no cobertor molambento que haviam lhe dado e consumia-se cada vez mais cachaça...
Certa madrugada as sombras maléficas bateram-lhe à porta ...
O destino selou a sua triste sorte!
A família não soube do falecimento, fora enterrado com indigente!
(BY: Maurélio Machado)