A visita

Estavam todos ali, debaixo de uma árvore, tendo um forte sol aquecendo os miolos e alguém, mais astuto do que o mais perspicaz, na turma de cinco pessoas, sorrindo em gargalhadas tão altas, disse:

- Que tal fazermos uma visita à fazenda do Tião da Cesta?

- É muito perigoso ir lá. Você sabe que a fazenda é assombrada e quem ir e abusar da lei da natureza, ficará em depressão, causando medo, pavor, pânico e outras coisas da mente. É melhor não ir...

- Eu ter medo? Rá, rá. Jamais terei medo e principalmente fantasma da fazenda do Tião. É pura mentira, é pura ilusão.

O diálogo entre os dois membros da turma não termina ali, pois alguém mais penetrante, com ar sarcástico, sem querer muito o que dizer, logo intervém na conversa e diz:

- Calma, meus amigos. A fazenda do Tião é considerada um patrimônio cultural. Foi tombada há mais ou menos um ano. Não tem nada lá, nem mesmo o resto de alma que lá viveu. Faz tempo que tudo mudou, até mesmo a última assombração vista lá partiu. Acho que foi morar em outro lugar. Não tem nada.

Cientes do que estavam falando, saíram em risos até o local. Não era longe, mas o suficiente para uma caminhada de trinta e poucos minutos. O dia ainda estava claro e o sol brilhava com menos intensidade. O pôr do sol se aproximava e convidava para uma grande olhada no horizonte. Algumas nuvens circulavam o contorno entre as montanhas e o céu azul. Dava para ver uma grande fresta de luz em forma de raios pairando sobre as montanhas.

- Que lindo o horizonte à frente, dizia Paulo, um dos mais medrosos da turma.

- Um monstrinho, uma fantasminha, uma alma do outro mundo que viveu aqui, está esperando por você.

- Não brinque com estas coisas.

- Você não as conhece. São formas de vidas inexplicáveis ainda não conhecidas pela ciência.

Estavam todos felizes, mas caminhavam até às proximidades da fazenda com um pequeno receio, um aperto no coração deles e uma vontade de alguém pedir para desistir do passeio.

Assim que se aproximaram da porteira de entrada, sentiram um grande arrepio pelos corpos. Uns diziam que estavam sentindo calafrios e outros diziam que o ambiente não estava os agradando.

- O que poderá estar acontecendo, dizia Mauro com voz trêmula.

- Não sei, retrucou Paulo.

- Vocês estão ouvindo um forte chiado e um barulho estranho que vêm do lado de dentro da casa?

- Sim, João.

- O barulho assemelha um chiado muito forte, um som eletromagnético vindo de algum lugar.

- Olhem, vejam. O que é aquilo?

Neste momento, um vulto contornou a casa, sede da fazenda, totalmente. A sombra era muito densa e cobria tudo que estava ali, à volta. Era algo surpreendente e ninguém deles viu a matriz que dava origem a sombra.

Saíram todos correndo. Não viram nada nem mesmo uns se preocupavam como os outros. Era caso de vida ou morte. Era questão de sorte chegar primeiro no alto do morro.

Quando estavam em uma posição segura, olharam entre si e ao mesmo tempo disseram:

- Nunca mais voltaremos ali. Nossa visita foi somente por curiosidade.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 22/11/2018
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