Cólera

Hoje levantei pela manhã, e dessa vez não eram só os meus pensamentos que se encontravam chuvosos e frio, dessa vez esta manhã estava completamente chuvosa e fria.

Quando o despertador tocou, meus olhos se abriram em uma avassaladora tristeza e dor, eu fiquei paralisado na cama, sem vontade nenhuma de levantar e olhar para o dia. Minha vontade mesmo era permanecer no meu mundo trancado e frio.

Forçado pela obrigatoriedade do dia a dia, lentamente fui preparando minhas coisas e roupas para poder me arrumar.

Minha garganta tinha um nó gigante, sufocando não só o meu corpo mas também minha alma, doeu, doeu, e parecia uma náusea no estômago, uma cólera, mas tudo estava ali preso na alma.

Tentei por para fora, tentei extravasar a dor, mas debaixo do chuveiro, nada saia.

Foi onde encostei minha cabeça na parede, enquanto o chuveiro jogava água sobre meu corpo sentia lentamente a água quente que caia sobre mim. O silêncio do meu corpo era absoluto eu só ouvia o barulho mórbido da aguá caindo sobre meu corpo e escorrendo pelo ralo.

De repente desce a primeira lágrima que escorria junto a água do chuveiro descendo pelo meu rosto. Lentamente eu peguei a toalha e levemente passei-a sobre meu rosto para enxugar qualquer resquício de água que pudesse estar em mim. Mas novamente me veio a cólera, a dor suprema e a náusea na alma, e foi aí que novamente encostei meu rosto na parede e comecei a jogar para fora toda minha dor, toda aquela agonia e cólera, e comecei a chorar, chorar e chorar, e parecia que quanto mais eu chorava, mais eu queria chorar, mais sentia necessidade de chorar, mais aliviava e ao mesmo tempo que aliviava doía mais, e então perdi o controle de vez, e já com o rosto todo encharcado somente em lágrimas eu abafei meu choro desesperador com a toalha, para que não pudesse ser ouvido pelas proximidades.

Eu chorava, e quanto mais eu chorava, eu ficando sem ar, como quem faz força com o estômago para jogar para fora tudo o que lhe causa mal, assim era minha alma, forçava sair tudo o que estava me causando essa dor horrível. Minha alma fez tanta força para expulsar a dor que consequentemente meu corpo ficava sem ar, meu peito apertava por conta dessa falta de ar, mas estava sentindo alívio, estava me esvaziando da dor.

Agora estou cumprindo com minhas obrigações, e meus olhos permanecem inchados ainda, e de tudo isso já está se completando 8 horas. O que acontece? Meus olhos são a tampa da minha alma, e eles estavam transbordantes, e exaustos e tudo o que aconteceu foi apenas o resultado de quem tenta ser forte o tempo todo.

Lágrimas que se mantêm paradas uma hora transborda!