Alerta:
Se você sofre de batracofobia, isto é, pavor de anfíbios, evite esta leitura.
Esse fato se deu no verão de 2012, quando, na região Nordeste, a seca atingia níveis alarmantes.  Depois de ler algo engraçado, aqui no RL, sobre sapos, resolvi publicar este causo.

 
 
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O sapo e as três mulheres
 
Numa casa, estavam três mulheres: mãe e duas filhas: Alba e Beta. A primeira estava só de passagem. E nunca pensou que vivenciaria tal proeza.
Alba saiu pelo quintal para colher pinhas e outras frutas. Atrás das pinheiras, surgiam, de dentro do chão, dois olhos esbugalhados em sua direção. Aquilo lhe foi muito assustador. Ficou a observar e não teve dúvidas de que se tratava de um sapo. Ele olhava para ela como se pedisse socorro. E Alba logo pensou: “enterraram um sapo vivo.” Foi até a sala e falou com a sua mãe, que lhe disse:
– Minha filha, isso é coisa de Deus. Quando a seca é muito grande, os sapos se enterram para que possam sobreviver.
 Alba estava inconformada. Aquilo era muito triste. Teria que fazer algo por aquela criatura.
A mãe pediu que ela não comentasse nada com a Beta, pois ela tinha pavor de sapos. “Combinado” – afirmou Alba.
Só que o zoiudo  estava ao lado dum lajedo, entre as árvores, passagem  para o chuveiro externo da casa onde aquelas mulheres costumavam se banhar.
No dia seguinte, Alba notou que o sapo não estava mais lá. E pensou o pior: “mataram o zoiudo”. Mas, não. Ele, muito esperto, tinha pulado para dentro dum balde d`água. “Que perigo!” – pensou Alba. E aí teve que improvisar uma banheira para o tal sapo. Sua mãe já tinha alertado que não o queria por ali, pois além de estragar a água das plantas, se ele pulasse na frente da Beta, ela poderia enfartar de vez.
 
E agora? Alba se viu em apuros: não salvar o zoiudo ou correr o risco de ver a irmã enfartada? Mesmo assim, colocou o seu plano em ação: monitorar o sapo para que ele só entrasse na banheira improvisada quando sua irmã não estivesse em casa.
 
Não é que a coisa estava dando certo! E o zoiudo estava gostando tanto que olhava para Alba como se quisesse cantar aquela musiquinha: "I put a spell on you because you´re mine"(Eu enfeiticei você porque você é minha). 
– Não! Não! Isso é horripilante demais! Fora, zoiudo!  Você nunca será príncipe, nem eu nunca serei princesa!...
 
Às vezes, nem a própria Alba acreditava que virara tutora de um sapo, que estava a atanazar a sua vida. Mas, para sua sorte, alguns dias depois, uma tromba-d´agua caiu na região. E ela chorou de alegria. Quanto ao zoiudo, aos pulos, ele tomou o seu rumo sem nem olhar para trás.



Imagem/Foto: Internet.