O coquetel de pérolas

- Isso é lenda - atalhou a anfitriã, erguendo uma sobrancelha. - Pérolas não se dissolvem em vinagre!

- Quem me contou foi um médico grego, meu amigo - justificou o general Mettius Labienius.

- Desculpe, general, mas conheço muito mais sobre pérolas do que qualquer médico grego. E por falar em médico, o senhor estava se queixando de azia, após o banquete?

- Decerto. É um problema que já vem me acometendo há alguns anos.

- Pois eu tenho um remédio caseiro que poderá lhe ajudar.

A anfitriã chamou um dos escravos que serviam os convidados e pediu-lhe que trouxesse uma jarra de vinagre e água. Perante os olhares atentos dos convivas, derramou água numa taça e uma dose ínfima de vinagre de vinho nela. Estendeu a mistura ao general.

- Beba isto após cada refeição e verá como sua digestão irá se normalizar.

Mettius Labienius pegou a taça com ar de dúvida, mas já ia beber o conteúdo, quando a anfitriã o deteve.

- Um momento. Vou lhe dar algo que irá potencializar o efeito do remédio... embora seja muito dispendioso para uso contínuo.

Retirou um dos seus brincos da orelha e dele extraiu uma pérola, que deixou cair na taça do general.

- Agora sim, pode beber. E engula a pérola.

Para espanto e admiração dos presentes, assim fez o general. E ao fim do banquete, ao se retirar, agradeceu à anfitriã e disse que estava sentindo-se muitíssimo melhor.

- Pena que pérolas sejam tão caras - gracejou.

- Eu só usei a pérola pelo efeito dramático - retrucou a anfitriã. - Afinal, preciso fazer valer a minha fama.

Diante da expressão de surpresa no rosto do militar, explicou:

- No dia a dia, pode substituir a pérola por uma pitada de carbonato de cálcio.

- [26-09-2018]