UM CONTO DAS ARÁBIAS
Viajando pelo deserto árabe em seus camelos, três beduínos encontraram, certa vez, um tesouro enterrado em um oásis ermo. Ficaram deveras excitados com a fortuna que lhes sorria. Porém, já que vinham de muitos dias de travessia nas areias escaldantes, sentiram fome e sede. No oásis havia água fresca para beber, mas não comida. Então, com a sede aplacada, um deles chamado Rachid disse: “Enquanto vocês tomam conta de nosso tesouro seguirei com meu camelo rumo à cidade mais próxima para buscar e trazer comida para todos”. Com a concordância dos companheiros assim ele fez. Chegando à cidade dirigiu-se ao mercado e com moedas de ouro do tesouro comprou comida a fartar-se. No caminho de volta, entretanto, passou-lhe um pensamento pela mente que considerou muito esperto: por que não envenenar a comida? Diria já ter comido o bastante na cidade e eles poderiam comer tudo a vontade, e assim, não desconfiariam de nada e morreriam, deixando o enorme tesouro somente para ele. Rachid pôs em prática seu plano e retornou para o oásis com sua comida envenenada. Enquanto isso, no oásis, Mohamed e Abduh, os outros dois beduínos, também tinham suas próprias ideias. Com a demora de Rachid e a fome apertando, a impaciência cresceu e tomou conta de suas almas incitando raiva e ódio. Resolveram então: “Rachid é um desgraçado e bem que podíamos nos livrar dele quando chegasse, e desse modo, ficaríamos nós com todo o tesouro”. Gargalharam cúmplices da mesma maldade.
E o que sucedeu afinal? Nem Rachid pôde desfrutar do tesouro e nem Mohamed e Abduh. Traíram uns aos outros nas sombras das copas das árvores frondosas do oásis. Rachid foi surpreendido e assassinado, e Mohamed e Abduh refestelaram-se na comida envenenada de Rachid. Até hoje o tesouro resta enterrado naquele oásis perdido no deserto.
Mais uma vez a cobiça, a ganância e o egoísmo fizeram suas vítimas.
"Baseado em conto popular árabe".