O crime de padre Epaminondas. Parte 2.
Padre Epaminondas chegou em Belo Horizonte ao meio-dia. O velho padre Tarcísio, a quem auxiliaria na matriz de São João, o aguardava com um delicioso frango com polenta. Eles se abraçaram. -" Bem vindo, irmão. Os céus o enviaram!" Disse padre Tarcísio. -" Concordo. Ah, o frio do sul, adeus. Sinto que já vivi em Minas, nessas montanhas, amo o sol e o pão de queijo, uai!!!" Eles entraram na casa paroquial. Jurema montava a mesa. Estava há 21 anos trabalhando ali. -"Como foi de viagem?" O padre sorriu. -" Bem demais, Jurema. Obrigado!!!" Padre Tarcísio o guiou até seus aposentos. -" Após um banho reconfortante, padre Epaminondas se dirigiu a cozinha. Havia um fogão a lenha e um fogão a gás... coisas de padre Tarcísio. -"Faça a oração, padre? Por favor." Pediu padre Tarcísio. -"Me chamem de padre Epa! Melhor e curto. Certo? Obrigado, Senhor pelo alimento, pelo irmão que me acolhe!!! Pelas mãos que plantaram o alimento e as mãos que o cozinharam. Dai pão a quem tem fome e fome a quem tem pão. Não preciso me alongar pois suspeito, pela pança de padre Tarcísio, que Jurema cozinha muito bem! Amém!!!" Jurema sorriu. Gostou dele. Padre Tarcísio deu um sorriso amarelo. A tarde, padre Epa conheceu a igreja, o educandário, as obras do salão de festas. Ficou a par das finanças da paróquia. Tinha muito trabalho pela frente. Admirou a força de padre Tarcísio. Ele merecia um auxiliar há muito tempo pois a paróquia tinha quatro capelas. Uma área enorme. Jurema tinha folga aos domingos. Padre Tarcísio e padre Epa, um mês depois, iriam almoçar na casa de alguns paroquianos. O doutor Luciano Alves, cirurgião renomado. O médico queria que padre Tarcísio fizesse o batizado de seu neto. O Fusca verde de padre Tarcísio parou em frente a uma mansão. Padre Tarcísio tocou a campainha da casa. Um mordomo os atendeu. Um rapaz de uniforme de gala e luvas brancas. -"Bom dia. O doutor os espera....Bem vindos!" Eles se sentaram. Observavam os quadros de Monet, na sala de estar. O piso de mármore italiano, os vitrais coloridos e as rosas colombianas, de um vermelho e perfume sem igual. -"Enfim, veio a minha casa, padre Tarcísio!!!" Gritou o doutor Luciano, abraçando o vigário. -" É uma alegria estar aqui, doutor. Esse é padre Epaminondas, meu auxiliar!!!" O médico o cumprimentou. -"Prazer, Luciano. A casa é de vocês!" Padre Epaminondas o abraçou. -"Obrigado, amigo." O médico os chamou até a sala de jantar. Um casal afagava um bebê num carrinho. -" Esse é meu filho, Bernardo. Sua esposa, Gabriela." O casal cumprimentou os padres. O aperto de mão de Bernardo foi forte, quase esmagando os dedos de padre Epa. O bebê chorou e Gabriela pegou o filho no colo. Os padres acarinharam a criança. -"Lindo! Parabéns!!!" Elogiou padre Tarcísio. Padre Epaminondas quis pegar o bebê nos braços. -" Qual é a graça dele???" A mãe sorriu. -" -"Lucas Henrique, padre. "Gabriela deu o filho ao padre. . O bebê parou de chorar. Minutos depois, o mordomo anunciou a chegada de dona Valdete. -" Minha esposa chegou. Foi buscar meu sogro, cadeirante, no apartamento dele. Poderemos almoçar, enfim." Disse o médico. A mulher entrou resmungando. -"Que trânsito, meu Deus. Tomás é motorista experiente e teve dificuldade para estacionar. Padre Tarcísio! Bem vindo!!!" Ela abraçou o sacerdote. Padre Epaminondas colocou o bebê no carrinho. -" O nosso bom padre, enfim, tem ajudante, Valdete!!!!" Exultou o médico. -" Esse é meu auxiliar, padre Epaminondas!!!" O outro religioso virou-se. Todo sorridente. Mão estendida. Valdete o encarou. -"Teobaldo????" Disse antes de desmaiar. O mordomo entrou, empurrando a cadeira de rodas com o coronel Filinto Severo. O médico pegou a esposa nos braços e a deitou no sofá. -" O que faz aqui, matador?????" Esbravejou o coronel. (Continua..) Marcos Dias Macedo