A FESTA NO CÉU

_____________________________________

Recontando Contos Populares

Espalhou-se entre a bicharada que haveria uma festa no céu e só compareceriam as aves porque podiam voar. Isso começou a fazer inveja aos animais e outros bichos incapazes de voar. Mas, teve um que não se deu por satisfeito, e dizia a todos que também ia à festa... Imagine quem? O sapo! Isso mesmo, o sapo! Logo ele, gorducho, que nem uma carreira era capaz de arriscar, achando-se capaz de aparecer naquelas alturas. Pois, afirmava que fora convidado e que ia, chovesse ou fizesse sol. Os bichos só faltavam morrer de rir. Calcule os pássaros.

Entretanto, o seu sapo tinha um plano. Na véspera, foi até a casa do urubu para uma boa prosa, depois de prosearem bastante, disse:

— Bem, amigo urubu, quem é coxo, parte cedo; vou indo porque o caminho é comprido.

O urubu respondeu:

— Você vai mesmo?

— É claro que vou! Inté lá, sem falta!

Entretanto, em vez de sair, o sapo deu uma volta, entrou no quarto do urubu e, vendo a viola em cima da cama, meteu-se dentro dela, e ali ficou, todo encolhido.

Chegando a hora de partir para a festa, o urubu, pegou na viola, amarrou-a a tiracolo e bateu asas para o céu, rru-rru-rru...

Cegando ao céu, o urubu arriou a viola num canto e foi tagarelar com as outras aves. O sapo botou um olho de fora e, vendo que estava sozinho, num pulo ganhou o chão, todo satisfeito.

Vocês não imaginam o espanto que as aves tiveram ao verem o sapo, todo cheio de razão, pulando no céu. Queriam todas, saberem, como ele conseguiu chegar ali. Porém o sapo desconversava, e pulava pra frente. A festa começou e o seu sapo tomou parte com grande animação. Lá pela madrugada, tendo ciência que só podia voltar do modo que veio, foi se esgueirando para fora do salão e correu para o lugar onde o urubu havia deixado a viola.

O sal saindo, acabou-se a festa, e os convidados foram deixando o céu, voando para suas casas. O urubu, não fez por menos, agarrou a viola e tocou para casa, rru-rru-rru...

Ia pelo meio do caminho quando numa curva, o sapo deu uma esticada de perna e o urubu, espiando para dentro da viola, viu o amigo sapo lá no escuro, todo curvado, feito uma bola.

— Ah! Amigo sapo! É assim que você vai à festa no céu? Deixe de ser confiado...

E naquelas alturas emborcou a viola e o sapo despencou-se para baixo, zunindo que nem fecha. E dizia na queda:

— Béu-béu, se eu desta escapar, nunca mais festa no céu...!

Bateu em cima das pedras, como uma jaca madura, espatifando-se todo. Ficou em pedaços. Nossa Senhora, com pena de seu sapo, juntou os pedaços, e o sapo viveu de novo.

Por isso o sapo tem o couro todo cheio de remendos. ®Sérgio.

__________________________________________________

Texto livremente inspirado no folclore popular.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 06/09/2007
Reeditado em 08/11/2013
Código do texto: T641897
Classificação de conteúdo: seguro