Os Burros
Este é um fato real, acontecido nos meados dos anos noventa. Nesse tempo , eu tinha uma propriedade no Município de Patos de Minas. Lá, como em quase todas as pequenas fazendas ou sítios, a atividade principal é o leite, de onde vem o famoso queijo mineiro.
Eu morando em Rio Claro, viajava todos os meses, uns seiscentos e tantos quilômetros até a “fazenda”, para acertar as contas e também dar uma arejada na cabeça. Nas férias, também me acompanhavam a minha esposa e nossa neta, na época ainda menina.
Certa vez em Rio Claro, comprei um burro muito bom de sela, de um primo meu. Como eu tinha uma camionete com gaiola, carreguei o burro e levei pra fazenda. Lá, eu já tinha uma mula, que era pra lida do gado, mais uns três cavalos, para a neta e as pessoas que nos visitavam, cavalgarem.
Passados uns anos, os burros foram ficando sem razão de estarem na propriedade e além do mais, ficando velhos. Ofereci os dois para o primo que tinha me vendido o burro; em poucas palavras fizemos negócio, com o trato de ele ir busca-los, pois eu não tinha mais a camionete.
Passados já uns seis meses do negócio ter sido realizado e pago, queria que ele tirasse os animais de lá.
Um dia, ele comprou um Jeep Lada, e disse que tinha arrumado uma carreta para o transporte de animais que estava na fazenda, vizinha da minha, de um amigo nosso que morava em Analândia; era só irmos com o Jeep, engatar a tal carreta e trazer os burros. Beleza!
Lá fomos nós, engatamos a dita cuja no Jeep, era toda coberta com uma lata, montada num chassis com quatro rodas, parecia feita lá na fazenda mesmo. Demos uma revisada à nossa moda, enchemos os pneus, os burros já com a documentação em ordem, tudo certinho. Amanhã bem de madrugada é só carregar os burros e pé na estrada, e assim foi.
Cada um de nós guiava um trecho, o Jeep sempre sessenta, sempre setenta e lá vínhamos nós no maior papo. Logo depois de almoçarmos, quase pra chegar em Nova Ponte, numa grande descida em curva, eu dirigindo, percebi que a carreta vinha zigzagueando atrás do Jeep, ia falar que algo estava errado, mas não deu tempo, uma das rodas podou o Jeep. A carreta tombou no meio da pista e deu um “cavalo de pau” no nosso veículo. Era só coice de burro que se ouvia. Aquelas latas das laterais e cobertura ficaram todas amassadas, e pra abrir a portinhola e tirar os coitados dos burros? Foi um sacrifício danado. Chegou uma camionete, com um senhor muito prestativo, que foi sinalizar a estrada, pois era uma curva. Logo parou um ônibus e outros veículos e todos vinham ajudar, até que conseguimos tirar os animais e destombar a carreta e tira-la da pista. Foram saindo aquela fila de veículos que tinha se formado, restando a primeira camionete que parou, mais alguns curiosos. O senhor da camionete reparou nas placas de Rio Claro, balançou a cabeça, como num ar de reprovação e me falou, -de onde vocês veem vindo? Eu respondi –de Patos de Minas. Ele disse –de Patos a Rio Claro pra levar dois burros? Eu respondi: -dois não, quatro. – Como quatro? - dois na carreta e dois no Jeep!
Foi só risada.....