O tio Beto
O tio Beto era meu tio , irmão do meu pai Divino Correia. O tio convivia e trabalhava com nós, ele era muito bebum e mentiroso.
Nós tínhamos armazém, onde vendíamos cachaça então o Tio costumava ir pra lá e enchia a cara de trago.
Meu pai então quando chegava no armazém e encontrava ele bebum, ficava furioso e dizia: “Não me deem cachaça para o Beto, porque o Beto bebe cachaça e só inventa mentiras”.
A gente gostava muito do tio, então quando o pai saía a gente dava cachaça para ele contar mentira e nos rir.
Quando ele avistava o pai chegando, ele saía de mansinho, já gambá e se agarrando nas paredes , botava a mão no rosto e dizia: “Ai… mas estou com uma dor de dente que chego estar tonto” .
Uma vez, o pai mandou o Tio Beto cuidar de uma roça de melão e melancia para ele ficar longe do boteco, para ver se ele parava com a bebida. Então ele morava num rancho de pau a pique na Beira de um mato, ele e a mulher Marina , que era muito feia.
Então ele tinha um radinho de pilha e escutava a rádio caiçara ,isso a tempos atrás, na época da Jovem Guarda. Tinha uma cantora, a Martinha,
que cantava a música VESTIDO BRANCO e a Marina ficava com ciumes, e dizia a ele:” Escutando essas vagabundas”. Ele retrucava Marina :” ė para afogar as mágoas Marinas”.
A coitada ficava quase louca e dizia:” me vesti bem... me pinta bem... que eu também fico bonita”, esquecendo ela, que não tinha como ver as pessoas do radio