VIVA E DEIXE VIVER....

MUITO INTERESSANTE VALE A PENA LER, OS RELATOS SÃO MUITO INTERESSANTES, PARECEM ATÉ TER SAÍDO DE UM CONTO DE FADAS, ENQUANTO PÓLVORA E SANGUE SE MISTURAVAM..

Com certeza você já ouviu essa expressão em algum lugar, mas você sabe onde ela se originou? O “viva e deixe viver” nos remete à Primeira Guerra Mundial, a prática foi adotada pelos soldados que já estavam fartos de estar todos os dias face a face com a iminência da morte para conquistar poucos metros de terreno sob ordens de Generais que não pensavam nas vidas de seus homens, "Leões comandados por burros", era uma expressão comum utilizada pelos soldados britânicos para se referir a seus Generais.

As tropas, que já se matavam mutuamente desde meados de 1914 ao longo do front Ocidental, em um sistema de trincheiras gigantesco de mais de 600 Km que ia dos Alpes Suíços até o Mar do Norte na Bélgica, sob condições insalubres já estavam fartos daquela carnificina sem fim e do perde-ganha sem sentido de poucos metros de território.

Por esse motivo, em algumas frentes houve um acordo tácito: “se você não atirar, eu não atiro”. Para garantir a sobrevivência, ninguém dava o primeiro tiro, e o Alto Comando de ambos os lados odiavam tais práticas.

Os combatentes já estavam esgotados quando o ato de viver passou a ser mais importante que morrer pela pátria, como aconteceu na Trégua de Natal quando tropas britânicas e alemães fizeram um cessar fogo de um dia e confraternizaram juntos o dia de natal, na Ofensiva Nivelle, quando bravos soldados franceses veteranos da Batalha de Verdun se recusaram a seguir as ordens de avançar de seus comandantes. Ou quando em uma determinada linha britânica, o oficial mandava os soldados para fazer uma patrulha noturna todos os dias perto dos alemães para tentar descobrir algo, porém os soldados diziam que iam mas não iam. O oficial, desconfiado, começou a exigir que os soldados cortassem um pedaço do arame farpado alemão, que era diferente, para provar. Logo os soldados conseguiram um enorme rolo de arame alemão e deixaram guardado, todos os dias eles cortavam um pedaço e entregavam ao oficial - "O velho jamais disconfiou", disse um soldado. Também podemos citar a Revolução Russa, onde a insatisfação da população, assim como o dos militares lutando no front derrubou o Czar Nicolau II e transformou para sempre a história da Russia, ou quando soldados alemães, nos meses finais da Guerra tomaram alguns de seus trens de suprimento, renderam e fizeram seus maquinistas retornarem para a Alemanha, deixando o Kaiser furioso, que ordenou que a artilharia bombardeasse seus próprios homens, mas os oficiais de Artilharia se recusaram.

Às vezes, a cooperação surge de onde se menos espera, e nesse caso floresceu em meio ao mar de lama e morte que as trincheiras representavam, e alguns casos de empatia, sensibilidade e compadecimento nos são contados por aqueles que viveram e deixaram viver nas atrozes frentes daquela que acreditavam ser a "Guerra que acabaria com todas as Guerras".

"Seria brincadeira de criança bombardear a estrada que fica atrás das linhas do inimigo, lotada como deve ser com caminhões de suprimentos a todo o momento... mas no geral há silêncio. Afinal, se você impedir seu inimigo de pegar suas rações, seu remédio...é simples: ele impedirá que você pegue o seu."

"Estava tomando chá com a Companhia A quando ouvimos muitos gritos e saímos para investigar. Encontramos nossos homens e os alemães em pé nos parapeitos de suas respectivas trincheiras. De repente, tiros de canhões cairam perto de nós, mas não causou danos. Naturalmente os dois lados desceram e nossos homens começaram a xingar os alemães, quando de repente um corajoso alemão foi até seu parapeito e gritou: “Lamentamos muito por isso; Esperamos que ninguém tenha sido ferido. Não é nossa culpa, é essa maldita artilharia prussiana!"

Um soldado britânico lembrou-se de um violinista alemão que tocava ópera todas as noites. "Nós sempre lhe demos aplausos e gritamos por um bis"

"Em uma certa seção, o período entre 8 à 9 da manhã era considerado uma hora sagrada para “afazeres particulares”, e haviam lugares indicados por uma bandeira que eram considerados protegidos e "imunes" a snipers de ambos os lados."

"Quando se está na linha de frente, não se pode deixar de ter uma profunda simpatia pelo malvado camarada que está do outro lado, e o ódio que ambos sentimos em relação a esses generais gera uma simpatia que é irresistível".

"Saímos à noite para a terra de ninguém, em frente às trincheiras ... Os alemães também estão fora, arrumando o arame farpado, por isso a etiqueta não nos permitia disparar. As coisas realmente desagradáveis são granadas de bocal... Eles podem matar até oito ou nove homens se caírem em uma trincheira ... Mas nós nunca usamos as nossas a menos que os alemães se tornem hostis."

"Fiquei espantado ao observar soldados alemães caminhando dentro do alcance do nosso fuzil atrás de sua própria linha. Nossos homens pareciam não dar atenção. Eu, em particular, decidi acabar com esse tipo de coisa quando assumi; Tais coisas não devem ser permitidas. Essas pessoas evidentemente pareciam não saber que havia uma guerra em andamento. Ambos os lados aparentemente acreditavam na política de "viver e deixar viver".